sábado, 9 de maio de 2009

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Elas estavam a matar-me de desejo! Depois a Alice foi buscar a maldita cocaína e estragou tudo…

Ela vai à bolsa e saca de um espelho e de um pacotinho. Não me agrada a ideia de ela se ir drogar aqui. Não me agrada nada. "Devias parar com isso" "Está tudo sob controlo, não te preocupes. Queres?" "Não preciso disso para me divertir" "Mas assim, é muito melhor, devias experimentar" Depois de ela ter tudo preparado para snifar, eu sopro aquela merda toda. Ela fica fodida, já tínhamos emborcado 2 garrafas de champanhe, ela mais que eu, e começa a gritar comigo, empurra-me "grande puta, isto era coca da boa!" Fiquei a olhar para ela surpreendida. "És pior que Johnny, sempre a chatear-me!"
Cheguei-me ao ouvido dela "ele consegue ouvir-nos". Ela prega-me um estalo e empurra-me.

Fiquei espantado, não entendi o que se estava a passar, por que estavam à estalada.

"Qual é a tua ideia, cabra?" "Desculpa, não era minha intenção chatear-te". Na verdade, só fiz aquilo para ver até que ponto ia a sinceridade dela. "Devias ter-me dito!" "Mas qual é o problema, tu própria me disseste que vocês não têm segredos, não me parece que tenhas dito alguma coisa que não quisesses que ele ouvisse." Não é isso, é uma questão de princípio, de sinceridade." O ambiente fica um bocado esquisito, sinto que meti a pata na poça com toda a força.

Fartei-me de rir! Então ela não lhe contou dos microfones?! A Alice realmente não gosta nada desse tipo de surpresas. Pus-me a pensar sobre o que mais é que ela não teria dito… e pouco depois reparei no pequeno orifício na caixa dos lenços. Got you! Já tinha desconfiado que teria de dar alguma coisa em troca pelo privilégio de assistir de camarote àquele espectáculo. Aposto que isto foi mais uma das ideias secretas da Nádia. Andei à procura de mais câmaras, do local onde estariam a gravar, mas não encontrei nada, devia ser numa daquelas divisões trancadas. Procurei a ver se encontrava as chaves, não havia muitos sítios onde poderiam estar, porque o apartamento não parecia estar mobilado à excepção do quarto e um armário na casa de banho. Procurei debaixo dos tapetes, por cima do armário, debaixo da cama, nada. Espreitei pelo buraco da fechadura da primeira porta: uma cozinha, nada de especial. Espreitei pelo segundo, não dava para ver muito bem, mas parecia ser outra casa de banho interior, mas vi uma luz ténue... a dizer… REC? Era ali que estava o gravador! Peguei no meu canivete e tentei abrir. Depois de algumas tentativas, lá consegui, era uma despensa.
Entretanto oiço a Nádia a chamar-me para ir buscar a Alice.

Ela decide ir andando, apesar da minha insistência para que fique. Queria tanto dormir com ela! Não posso deixá-la conduzir neste estado, por isso chamo o João. Não queria nada que ele viesse cá, mas é o melhor a fazer.

Peguei no gravador, vesti-me e meti-me no carro o mais depressa que pude, tinha chegado a altura de intervir!

Ele nunca mais chega! É difícil mantê-la aqui, ela grita e esperneia, quer meter-se no carro, isto não está a correr nada bem. Como é que uma mulher tão linda se transforma assim? Mas porquê que eu não a deixei fazer o que queria? Deve estar a ressacar. Sou tão estúpida...

Quando cheguei, a Alice já se estava a meter no carro. Peguei nela e metia-a no banco de trás.

Desculpa, eu não sabia que ela tinha um problema assim tão grave. "Não faz mal, eu trato dela". "Depois falamos". Fico sozinha a ver o carro afastar-se. Merda, merda, merda!
Agora tou sozinha numa casa de sonho. Lindo. Vou ligar à Catarina, talvez ela possa vir cá ter. Foda-se, ela tá a trabalhar! Agora não larga aquela merda enquanto não estiver pronta, já sei como é, tenho de esquecer que ela existe nos próximos dias. Quando lhe chega a criatividade, não já ninguém que a pare. Depois eu é que a aturo quando está deprimida!
O vídeo! Pode ser que nem tudo esteja perdido. Eh, eh, vamos lá ver como é que o gajo se portou… FODA-SE, eu não acredito nisto! O gajo levou o gravador! Caralho, como é que eu vou explicar o desaparecimento do gravador na produtora? Tenho de o recuperar até segunda-feira, senão tou fodida! Tenho de lhe ligar… Caralho, ele não atende! Foda-se!


Levei a Alice para o hotel, ela precisava de dormir, tinha de a tentar convencer a fazer reabilitação. Mas com a agenda tão preenchida como ela tinha, ia ser complicado agora. Não suporto vê-la drogar-se, mas lá fui eu arranjar-lhe a coca…

Vou para casa, não faz sentido continuar aqui. Mas antes vou fumar um charrito no jacuzzi…

Depois da Alice acalmar, liguei para a Nádia, para falarmos sobre o vídeo.

"Hi Nádia". "João! Tou farta de tentar ligar-te! Comé que tá a Alice?" "A Alice está bem, está a descansar, bem precisa depois do «tratamento» que lhe deste." Não entendo se isto é uma crítica ou um elogio, mas tudo bem.

"Queres o vídeo, não queres?" "Por favor, eu preciso de entregar o gravador na produtora, podes ficar com o vídeo, mas tenho de entregar o gravador na segunda!" Amanhã a Alice tem um show. Vem jantar comigo amanhã que eu levo-te o vídeo."

Ok, não tava à espera desta, agora ele vai querer trocar o vídeo por alguma outra coisa que eu não vou querer dar. O pior não é o vídeo, é mesmo o gravador…

Perguntei-lhe qual o melhor restaurante para irmos e fiz a reserva. Ela sugeriu um dos restaurantes panorâmicos do Casino, o que me pareceu muito bem depois de ter ido ao site. Marquei o jantar cedo, já contava que ela se fosse atrasar. Veio mesmo a calhar porque a Alice ia jantar só depois do concerto com a agente e os músicos, não ia dar muito pela minha falta.

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