sábado, 20 de dezembro de 2014

provocação gratuita 101

Aquele olhar de felicidade cúmplice que se troca quando assistimos ao casamento de um casal com quem partilhámos intimidades que nenhum dos convidados imagina...

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

7 anos...



Pois é, 7 anos... e isto tem andado paradito ultimamente. Talvez seja velhice, talvez seja apenas falta de vontade, a verdade é que este blog perdeu o viço que vem da energia e da vontade das pessoas que nele participam. E sem pessoas a participar, morre. Mas isso não é drama nenhum, porque os blogs (e provavelmente as pessoas) podem renascer a qualquer momento. Haja vontade. Não sei se essa vontade existe, mas este aniversário é uma oportunidade para pensar nisso. 

Aproveito também para agradecer a todas as pessoas que fizeram este sítio nascer e crescer. Morrer será apenas uma consequência natural. Tudo o que tem começo, tem fim. Mas pode sempre renascer, recomeçar. E a mim, palpita-me, ainda há muito para vir.

Até mais, e sobretudo, melhor!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

o Pazer de Meditar

foto: Supconnect

«Quando a mente sabe, chamamos a isso conhecimento.
Quando o coração sabe, chamamos a isso amor.
E quando o ser sabe, chamamos a isso meditação.»
Osho

Para mim, meditar é encontrar Paz cá dentro, por mais tumultuoso que possa estar lá fora. Fazer pausa no mundo exterior para tocar melhor o interior. 

Do latim “meditare”, que significa “voltar para o centro”, ponderar ou cultivar. Gosto bastante desta ideia de cultivo de conceitos, muitas vezes quando sinto falta de algo, imagino-me a semeá-lo. Seja paciência, energia, criatividade, qualquer coisa de que precise. Lavro a terra fértil da minha mente e lanço a semente. Depois tento regar, adubar amiúde e colher. Isto ajuda-me a interiorizar os conceitos e a desenvolver competências.

A meditação é uma prática ancestral, existem registos milenares no Oriente (China e Índia) mas é provável que muito antes, desde que o ser humano tem consciência, que tem a capacidade de alterar o seu estado através da meditação. Hoje em dia é praticada por todo o globo, transversal a culturas e religiões.
Experimentei inicialmente a meditação através da ginástica (no final das aulas, fazíamos meditação e massagens que ajudavam bastante no relaxamento mental e muscular) e de um workshop sobre sonos e sonhos (parte deste curso consistia em adormecer utilizando uma técnica em que nos mantínhamos imóveis e percorríamos mentalmente vários pontos do corpo. Algumas pessoas que ressonavam diziam que não tinham dormido nada). Achava extremamente difícil manter o corpo imóvel, as comichões apareciam sempre nas alturas e sítios mais impróprios, as pernas não paravam quietas, não sabia o que fazer com a saliva, tudo atrapalhava as minhas tentativas de imobilidade e concentração. Com treino, fui conseguindo o relaxamento necessário, controlando a respiração, sentindo-me confortável, coisa essencial à prática meditativa.
Percebi que não é preciso sentar na posição de lótus, nem sequer é preciso sentar, nem permanecer imóvel. A imobilidade é uma ilusão, se tivermos em conta que a Terra se desloca em órbita, à estonteante velocidade média de 108 mil km/h. O que é preciso é concentração, encontrar conforto numa posição qualquer, até pode ser a caminhar ou a andar de bicicleta, ou a nadar. Uma das minhas posições preferidas é flutuar na água. Depois de umas vigorosas braçadas em que não me concentro em mais nada a não ser nos movimentos e na respiração, sabe mesmo bem virar de costas, fechar os olhos e deslizar ou ficar simplesmente a boiar na água, de olhos fechados, a sentir o sol nas pálpebras. Na piscina de água doce é mais difícil flutuar sem o sal, mas abordo a borda como se fosse sair e elevo as pernas, fazendo-as passar entre os braços, erguendo os pés e pousando as pernas até aos joelhos, fazendo um ângulo de 90º com as coxas, que fazem outro ângulo de 90º com o tronco, a flutuar na água. Eu faço um desenho:



Depois mergulhar de costas devagar e ver a luz filtrada através da água... Poder fazê-lo sem roupa, a fruir um pôr-do-sol ou numa noite quente, a olhar as estrelas, fechar os olhos e continuar a vê-las… ficar assim, uma ilha flutuante, é um regresso ao útero, com ligação direta ao sentir do universo!

“Deves meditar vinte minutos por dia. A não ser que não possas. Nesse caso, deves meditar uma hora”
provérbio zen
Não ter tempo não é desculpa, a meditação pode ser feita ao acordar ou ao adormecer, na cama, no duche, no autocarro. O que não falta são situações e sítios onde se pode fazer, basta usar um pouco de criatividade.
Existem vários tipos de meditação e estou longe de os ter experimentado todos. Também não quero estar aqui a explicar as diferenças, antes convidar quem quiser a explorar o que lhe interessar. A informação está disponível, existem grupos e organizações por todo o lado, basta querer e procurar. Para tal, deixo algumas ligações no final. Há muitos sítios e aplicações de telemóvel gratuitas onde é possível fazer meditação guiada, com música de fundo e temporizador que facilitam bastante a tarefa. A música, normalmente com sons da natureza, ajuda bastante a criar a atmosfera necessária.
Do que já experimentei, o que mais gostei foi sem dúvida de Mindfullness. Um conceito que abrange a meditação, mas que vai para além disso. Pode ser traduzido por “atenção plena”, sentir o aqui e agora focado, com todos os sentidos, processar a informação que chega do exterior e do próprio corpo, sem julgar, apenas observar e contemplar, em comunhão com a Natureza.
Com concentração e contemplação, dou por mim a apreciar e valorizar coisas nas quais não reparava por as dar como garantidas. O ar que respiro, a luz, a comida, a paisagem… tudo coisas banais que me sabem extraordinariamente bem e que eu saboreio com imenso apetite. A meditação apura os sentidos: o cheiro, o toque, o som, o paladar, a visão, tudo parece mais definido e intenso, consigo focar melhor os estímulos exteriores que interessam para o meu equilíbrio.
Os benefícios são muitos e estão amplamente estudados e documentados: baixa o ritmo cardíaco e a pressão sanguínea, reforça o sistema imunológico, diminui o stress, aumenta a concentração, a resiliência e a inteligência emocional. é indicada para todas as idades, incluindo crianças. "Se ensinássemos meditação a todas as crianças de 8 anos, eliminaríamos a violência em uma geração.", diz o Dalai Lama. Não custa tentar!
Tenho tido algumas experiências positivas de meditação para alívio da dor. Não deixa de doer, nem substitui todos os medicamentos, mas a percepção com que fico da dor é diferente. Existem estudos que demonstram que a meditação muda a forma como o cérebro processa a dor.
Gosto muito de me sentar numa cadeira de pano suspensa, cruzar as pernas e ficar naquele casulo, num suave baloiçar que parece flutuar, a ouvir os pássaros chilrear uma melodia que soa sempre bem, independentemente da quantidade de intervenientes alados, conseguem estar sempre afinados e em sintonia.
A parte mais difícil para mim é o “esvaziar da mente”. Parece-me impossível estar consciente e deixar de pensar, ou melhor, deixar de divagar pelos pensamentos. É-me impossível não pensar, por isso, foco o pensamento concentro-me na respiração, na pulsação, no sentir do corpo e quando começo a divagar (porque acabo sempre por fazê-lo) noto simplesmente que isso está a acontecer e trago-me de volta, sem stress. Por vezes consigo sentir o corpo sem peso, como se pudesse sair dele e voar por aí, desincorporar-me. E é uma sensação bastante agradável.
Estou ainda a aflorar esta forma de estar e sentir, mas não deixo de me fascinar com os resultados. A prática de meditação regular, aliada ao exercício físico, acalma-me, faz-me olhar para as minhas inquietações noutra perspetiva vista de cima, e daqui parecem mais pequenas e fáceis de resolver e controlar.
Convido-te a experimentar!




quinta-feira, 3 de julho de 2014

o Prazer de Caminhar!

Quero partilhar contigo o meu entusiasmo pela caminhada. Nem sempre gosto de andar, especialmente se não tiver calçado adequado à distância a percorrer e detesto fazê-lo sob pressão para chegar mais depressa. Mas descobrir novos caminhos caminhando está a ser um enorme prazer. Se tiver companhia (uma pessoa, um cão), tanto melhor, se não tiver, um leitor de música e uns auscultadores também servem. Gosto de conversar enquanto caminho, de levar o cão e soltá-lo nos trilhos ou na praia para correr à vontade. Dá gozo ver como aproveita essa liberdade: corre como se não houvesse amanhã e depois volta e fica parado de língua de fora, à espera da companhia para depois continuar. Por novos caminhos ou já conhecidos, porque o mesmo percurso nunca é igual dependendo da hora do dia e da estação do ano, caminhar permite desfrutar da paisagem a um ritmo moderado, sentir a viagem com todos os sentidos.

Na minha zona existem uma série de percursos pedestres devidamente mapeados e assinalados que tenho vindo a percorrer. Aliás, acontece um pouco por todo o país. Passam por locais de interesse histórico, arribas de larga beleza que permitem fruir paisagens junto ao mar, montes e vales de vinhedos, campos de trigo e pomares; florestas frescas de verdes luxuriantes alimentadas por cursos de água que escorrem melodias de calma ao humedecer da terra; simples flores silvestres que pincelam a paisagem de cores vibrantes… É curioso como se descobrem pormenores, pequenos recantos - tantos! - plenos de encantos... Participo também em caminhadas organizadas por grupos que partilham deste prazer: já contornei rios verdes, lagoas azuis e barragens castanhas; fui ao rabisco da fruta entre pomares e quintas, segui a rota das vinhas no S. Martinho que terminou numa exposição de pintura e magusto numa adega; fiz o percurso de batalhas épicas, revivi a História; vi o sol nascer na praia, a clarear devagar, numa indecisão de lusco-fusco que mesmo depois de iluminar o céu, demora-se a surgir no horizonte. As nuvens pintam o céu com a luz alaranjada do acordar do sol que se levanta, num espreguiçar lento de raios de luz e calor, cada vez menos oblíquos. Como sabe bem sentir a areia molhada debaixo dos pés e refrescá-los na beira-mar!; Vi moinhos velhos e novoscom 360º de paisagens do mar à montanha. Descubro trilhos e arribas de locais distantes e outros bem perto que desconhecia, vejo os caminhos que já conheço de outros ângulos, caminho regularmente na cidade à noite, sempre por percursos diferentes, com centenas de caminhantes, um mar de gente que invade as ruas e faz parar o trânsito, para algum espanto dos moradores, condutores e outros transeuntes.

Caminhar é um desporto barato, bom calçado, roupa confortável, uma garrafa de água e eventualmente alguma coisa para comer se a caminhada for mais longa, é quanto basta. Por vezes nem isso é preciso, se for na relva ou na praia. “Só somos felizes quando já não sentimos os sapatos nos pés.” Ou quando andamos descalços, acrescento. Para desfrutar da Natureza não é preciso pagar mensalidade nem equipamentos dispendiosos, mesmo as caminhadas organizadas costumam ser gratuitas ou então o valor da inscrição é para ajudar alguma causa relevante.

Nem sempre está bom tempo para a prática, é verdade, e de Inverno não apetece tanto sair de casa e cortar o frio. Já fiz 12 km debaixo de chuva e por mais agradável que fosse a paisagem, tinha de olhar mais para onde punha os pés para não escorregar na lama. Mas é sempre uma aventura. E como sabe bem ter um miminho doce à espera no final e vestir roupa seca! Ironia das ironias, a chuva a parar e o sol a espreitar uns minutos depois… caminhar é chamar o bom tempo!

Não gosto de correr, fico sem fôlego rapidamente, mesmo que seja uma corrida moderada, mas não me importo de subir e descer pelos trilhos mais íngremes, devagar, a apreciar a paisagem, até chegar ao topo do monte e ganhar como prémio uma paisagem de cortar a respiração! A caminhada é um exercício de baixo impacto nas articulações, pode ser praticada por pessoas de todas as idades, contribui para a manutenção geral do corpo, melhora a circulação e a respiração, combate doenças cárdio-vasculares, osteoporose, depressão, diabetes, ajuda a regular o peso, o sono e o apetite, aumenta a sensação de bem-estar físico e mental.

Caminhar ajuda-me a pensar melhor. Existe uma relação entre o movimento do corpo e da mente que está comprovada cientificamente. Conhecer sítios diferentes ativa-me a criatividade, gosto de fotografar pormenores dos lugares por onde passo para mais tarde recordar-me e inspirar-me.

Por tudo isto, acredita, vale a pena caminhar e fruir uma incrível sensação de bem-estar, paz e liberdade em comunhão com a Natureza!

 
foto cabeçalho: JM [pormenor] | fotos rodapé: carpe vitam, JM, Trilhos do Mar e CMTV