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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

FRUTA: agradabilíssimas formas de a comer

Como somos apologistas da máxima "5 porções de fruta por dia nem sabes o bem que te faria!", estamos sempre a procurar formas sugestivas de servir e degustar a dita. Desta vez, experimentámos amora com iogurte:





quarta-feira, 23 de maio de 2012

provocação gratuita 86

uma talhada de melão fresquinho, sumarento, doce, apimentado, maduro, a desfazer-se na boca, a saber a verão...

sábado, 3 de março de 2012

Tangerina e o Crepe de Chocolate

Despe-se devagar, sem pressa nenhuma, câmara lenta, pedaço a pedaço, separando a casca dos gomos, libertando um pouco do suco energético contido nas minúsculas cápsulas cítricas, despreocupadamente disparado para qualquer lugar. Depois separam-se os gomos, um a um, com a mesma lentidão ou mais alguma. Ele já lá está à espera, quente, a derreter, polvilhado com canela. É uma combinação de salgado macio com doce fundente e aroma quente da especiaria. Só por si, já seria delicioso, mas nunca se perde quando se junta algo que lhe dá um toque único, um sabor extra, também doce, mas fresco, citrino, intensamente perfumado. Muito, mas mesmo muito devagar, num gesto delicado, plenamente sensual, a Tangerina mergulha no molho e arrasta-o consigo, e escorre, e pinga na língua... um após o outro, todos os gomos mergulham e fundem-se com o chocolate na boca, alternados com o crepe. Ummm, delícia é pouco. É um prazer especial, divinal!

Foto: 123FR

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

pêra rocha | parte 2


foto por TenderPuffies editada por mim

continuação daqui

Convidou-me para lanchar na casa dela num sábado e eu fui sem hesitar, todo contente e expectante. Tomei banho, perfumei-me com um after shave pavoroso, queria agradar-lhe, ultrapassar a minha timidez naturalmente desajeitada.
Cheguei mais cedo que a hora combinada, mas ela já tinha a mesa posta com uma pequena toalha aos quadrados vermelhos com toda a espécie de doces e bolachas e pão, leite, iogurte… e antes mesmo de comer alguma coisa, ela pergunta-me:
- Tens namorada?
- Não – respondi envergonhado.
- Já tiveste? – voltou ela, a mastigar bolacha com doce.
- Já – respondi prontamente, tendo dúvidas se por trocar cuspo no banco do trás de um autocarro com uma miúda lhe podia chamar isso. Ainda para mais quando no dia seguinte ela não me reconheceu.
- Fizeste sexo com ela?
- Não… - disse-lhe baixando os olhos.
- Queres fazer comigo? – disparou ela levantando-me o queixo e olhando-me nos olhos. Senti um calafrio espinha abaixo. Não estava a acreditar naquilo. Engoli em seco.
- Ag...ora?...
- Por que não, os meus pais não estão cá e apeteces-me tanto…
Vá-se lá perceber o que ela viu em mim que me tornou apetecível. A verdade é que também ela me apetecia. Muito. E assim juntámos as duas vontades que afinal eram só uma.
A boca era doce. Talvez fosse do doce de pêra com bolacha Maria, sabia bem. Ela fumava, mas não se notava o gosto do tabaco. As nossas roupas voaram rapidamente para fora dos corpos e quando ela viu os meus boxers brancos às cerejas, desatou a rir e exclamou:
- Let’s pop the cherry!
Ainda sinto os lábios à volta da cabecinha, a língua… depois os dentes, ui… mais devagar! Ela engolia-me com gosto e vigor e não demorou muito tempo até eu explodir-lhe na boca. Ia pedir desculpa, mas ela arrebatou-me com um beijo antes de eu abrir a boca. Já tinha provado o sabor daquilo e não tinha achado nada de especial, mas misturado com o dela, ganhava outro paladar.
Quis retribuir-lhe o gesto e fui descendo. Provei devagar aquelas pêras, aquelas duas firmes, redondas, sardentas e doces pêras que ela tinha no peito. Desci mais até ao triângulo de pêlos e aventurei-me entre eles de olhos fechados, sem saber muito bem como lhe poderia dar prazer, mas ela tratou de me ir indicando o caminho até a fazer gemer.
Toda ela me sabia a pêra, ao doce, ao fruto, já nem sei bem. Foi buscar preservativos. Colocou um com a boca. "Sabe a pêra", disse ela, e eu não fiquei surpreendido. Abraçou-me e deslizou sentada sobre mim. Deixou-se ficar assim um pouco imóvel enquanto me beijava e eu curtia aquele lugar quente, envolvente. Depois começou a mexer-se devagar. Delírio. Pensei que não fosse aguentar três segundos sem me vir outra vez. Mas aguentei. Não muito mais que isso, mas lá me fui aguentando. E depois de me vir, ela tirou o carapuço e voltou a lamber-me até eu estar pronto para outra. E passámos a tarde naquilo, a experimentar diferentes posições e formas de amar, até que se fez noite e tive de voltar para casa da minha avó e ouvir o típico “mas por onde é que tu andaste?”. Tinha-me esquecido completamente, no dia seguinte os meus pais voltariam para me buscar. Esperei que toda a gente estivesse deitada para ir ter com ela, mas não estava ninguém em casa ou ela não me ouviu, ou não quis abrir a porta... 

Nunca mais a vi. Foi estudar para longe e por lá ficou. Por esta altura, sempre que vejo uma pêra rocha, não deixo de sorrir. Mordo-a com força e saboreio-a com vontade, por entre lembranças daquele Verão.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

pêra rocha | parte 1




Era puto, algum acne e pêlos por todo o lado a nascer, nunca me hei-de esquecer. Férias de Verão, terra dos avós. Queria juntar uns trocos para os meus jogos e foi a minha avó que apareceu com a ideia: apanhar pêra. Não posso dizer que me tenha agradado muito, mas lá fui eu, de manhã bem cedinho, na camioneta, com um monte de velhas. Bem, havia outro rapaz da minha idade e uma rapariga um pouco mais velha.
O trabalho era simples mas cansativo. As mulheres andavam de balde na mão, a colher a fruta das árvores e os homens carregavam as caixas para os tractores. Eu e o outro rapaz não fomos considerados “homens”, pelo que nos meteram junto com as mulheres, a acartar os escadotes e a apanhar as pêras mais altas. Claro que os "homens" ganhavam mais. A hierarquia era rígida na apanha da fruta.

Apesar do dia de trabalho terminar cedo, nos primeiros dias chegava morto a casa, todo arranhado, apanhei um escaldão no nariz e só via pêras à frente quando fechava os olhos. Depois fui-me habituando. Gostava da companhia do outro rapaz, falávamos sobre jogos, ele tinha o que eu queria comprar e ao final do dia ia até casa dele jogar. 

A rapariga era gira e simpática, discutíamos filmes e séries que pirateávamos e pensava nela no duche, enquanto lavava a pila a alta velocidade. Observava-a discretamente. 
Uma vez, trouxe uma t-shirt bastante larga de uma marca de caramelos de fruta. Lembro-me perfeitamente, porque quando ela ergueu o braço para apanhar uma pêra, a manga larga deixou-me ver por breves mas iluminados instantes uma maminha. Era pequena, rija, com o bico espetado. Parecia uma pêra! O meu sangue baralhou-se todo, sem saber se havia de se concentrar na minha cara ou na minha pila, acabou por ir para os dois lados, para meu grande embaraço. Ela sorriu, mas não me pareceu ter notado. Passei o resto do dia a tentar ver de novo, mas só consegui vislumbres parciais.
Noutra altura, estava ela no cimo do escadote, a colher as pêras mais altas com umas calças coladas ao corpo. Conseguia perceber que estava a usar uma tanga cor-de-rosa pela falta marcas nas nádegas e pelo tecido que aparecia por baixo das calças. O cromo do outro rapaz passou por mim e comentou, num tom demasiado alto:
- Achas que não te topo, tás sempre a olhar para ela, ainda agora tavas a olhar pró cu dela! – ia morrendo de vergonha. Fiquei com a nítida impressão de que ela ouviu.



continua e termina aqui

quarta-feira, 20 de julho de 2011

"Gostas de Amoras?"

 - Vou dizer ao teu pai que já namoras!
Curiosamente, era o meu pai que me costumava dizer isto quando era criança. Coitadas das pessoas que não gostam de amoras, não namoram enquanto não mudarem de ideias!
Estava desejando que começasse a época delas para sair por aí a apanhá-las.
Por que será que as melhores, maiores, mais apetecíveis amoras estão sempre nos locais mais inacessíveis?
Uma vez, tinha uns 4 anos, caí para dentro das silvas. Nunca mais me esqueci, doeu. E depois quando fui tomar banho, ardeu, COMO ARDEU! O corpo todo arranhado, mas nada que mercurocromo e mimos maternos (depois do devido ralhete) não resolvessem. Serviu-me de lição, tento sempre convencer-me que é apenas uma ilusão de óptica, da mesma categoria de "a fila do lado no supermercado é sempre mais rápida", mas não deixo de olhar para as amoras do alto com cobiça.
Sabem mesmo bem, e é preciso bastante disciplina para conseguir apanhá-las sem as ir comendo logo todas, a soprar o pó da estrada.
Como é que uma praga espinhosa e desagradável dá frutos tão doces e apetecíveis?
Nascem assim, silvestremente, totalmente disponíveis para quem as quiser apreciar, saborear o Verão...

bagas negras redondinhas
em pequenas bolinhas
esmagadas na mão
de tão maduras que estão!



E tu, não gostas de Amoras?

sábado, 9 de julho de 2011

carpe somnium [12]


O meu amor pega numa banana e enfia-a dentro de mim. Se isto não fosse um sonho, jamais deixaria que o fizesse sem preservativo. Não com receio de engravidar de uma banana (nem quero imaginar que tipo de criatura seria) mas por uma questão de higiene e segurança no sexo (devia haver cursos disto, acho que se evitavam muitas idas ao hospital).
Pego num pedaço e manga e papaia, esfrego a mistura no meu botãozinho e vou provando. Ummm, sabe a Verão! Lembra-me um lip gloss que tenho do mesmo sabor e que nunca dura muito tempo nos lábios porque estou sempre a passar por lá com a língua, a saboreá-lo. A Ângela também quer e o cão dá-lhe alguma assistência. Ficamos as duas assim de costas, lado a lado, e o orgasmo dela despoleta o meu logo a seguir. Nunca achei grande piada a orgasmos em uníssono. Assim consigo gozar os dois. Se acontecerem ao mesmo tempo, só consigo gozar o meu.
Precisamos todos de um banho. Enchemos a banheira com sais e relaxamos no líquido borbulhante. Sabe tão bem… levar com os jactos de água na planta dos pés e noutros sítios estratégicos… que maravilha!
Levamos a fruta para continuar a comer. E uma garrafa de champanhe. Constato que o champanhe sabe muito melhor dentro da banheira a borbulhar que fora dela, não sei explicar porquê.

continua aqui... quem tem vindo a ler sabe quando :)

sábado, 2 de julho de 2011

carpe somnium [11]


Passo às ameixas. Estão maduríssimas e escorrem pela boca e pelas mãos, pingam na roupa.
Pergunto o que é que estão a fazer vestidos e sugiro que comecem por despir a menina. Ela também não está assim tão vestida, mas é divertido ver como os dois se amanham, à procura da ponta para a desembrulhar. Uma vez despida, e besuntada com fruta é lambida de alto abaixo. Ui… que maravilha! E é a vez dos meninos serem despidos. Como irão agora comportar-se os machos? Ok, ok, vou deixar-me de merdas e limitar-me a relatar no meu próprio estilo, mas é viciante. Primeiro o cão, o meu amor ajuda a despi-lo. Noto alguma falta de jeito que roça a má vontade. Logo a seguir o meu amor, e o cão age da mesma forma seca, o mais rapidamente possível, tocando o mínimo possível. E agora, como vai ser com a fruta? É que para tornar as coisas um pouco mais complicadas, eles têm pêlos… e para fruta com pêlos, chega os pêssegos.
- E se vos fizéssemos uma depilaçãozinha no peito, pode ser?
- Com cera? Nem penses – diz o cão.
- Então se for com lâmina? – depois de alguma hesitação, ambos concordam. A Ângela retira a venda para me assistir e vamos todos para a banheira. É uma banheira enorme, de hidromassagem.
Espalhamos o gel, eu no meu amor, ela no cão. Depois trocamos e com precisão e destreza, fazemos deslizar as lâminas. Contornamos os mamilos, fazemos um trabalhinho limpo e perfeito. Estão os dois lisinhos, prontos para ser besuntados com fruta. Corto o melão, pedaços de manga, papaia e abacaxi. Eu também me junto à festa, e também estou vendada. De facto, vejo muito melhor assim. Sinto a diferença de temperatura dos corpos, oiço os diferentes respirares, as vozes tornam-se mais distintas. Apesar de todos saberem a fruta, cada um empresta o seu sabor ao fruto que passa pelo seu corpo, tornando o paladar único e irrepetível. Cada dentada é uma degustação absolutamente sublime. Faço questão de lambuzar e amassar cada um até ficarmos todos bem pegajosos e a precisar de um banho, um belo banho de língua. Mordisco mamilos com morango, provo banana com menina. Sinto alguma fruta a querer entrar no meu sexo e provo para saber o que é. A textura, o cheiro e o sabor não enganam – é uva na vulva! Aproximo e lambuzo os pénis com melão e a seguir com saliva; roço-os um no outro e dou a provar à Ângela que só diz:
- Ummm, me gusta… - e ela trata de aviar os dois, com imenso apetite. Eu também dou uma mãozinha, claro. Nesta altura, retiramos as vendas, demoramos algum tempo a habituarmo-nos à claridade. Estamos porcos e ofegantes, na plenitude da nossa animalidade.

continua aqui no próximo sábado

sábado, 25 de junho de 2011

carpe somnium [10]


Mas a vontade é surpreender. E para o fazer, preciso de alguma margem de confiança. É por isso que vos peço a todos para aceitarem que vos vende os olhos. Privados desse sentido, os outros quatro ficam mais intensos, e se formos a ver bem, a visão acaba sempre por ser o menos importante na arte de amar.
Apesar do sonho ser meu, quero respeitar ao máximo a liberdade de cada um. Todos aceitam. Quero ver como interagem os três e sei muito bem como funcionam os machos hetero, ficam sempre envergonhados na presença um do outro. Por isso quero fazer esta experiência.
Depois de tanta acção, a fome já começava a fazer-se sentir, e o meu amor, que tem um certo dom de me adivinhar o pensamento, trouxe um cesto de fruta de todas as épocas que, imagine-se, estavam todas num pomar multifrutos que ele encontrou pelo caminho. Morangos, bananas, abacaxis, pêras, maçãs, ameixas, laranjas, tangerinas, uvas, alperces, pêssegos, melão, meloa, mangas, papaias, cerejas – todos os meus frutos preferidos com muito bom aspecto.
Peguei, trinquei e meti-te na cesta,
ris e dás-me a volta à cabeça
Vem cá tenho sede, quero o teu amor d'água fresca!
Tens na pele travo a laranja e no beijo três gomos de riso
Tanto mel, tanto sol, fruta, sumo, água fresca, provei e perdi o juízo…
Foi na manhã acesa em ti, abacate, abrunho
E a pêra francesa, romã, framboesa, kiwiiiiiiii!”


Pego nos morangos e vou passando pela boca de cada um, partilhando e beijando-lhes os lábios e a fruta.
Depois convido a Ângela para fazer o mesmo, tentando dar a mínima assistência possível, para que tropece bastante neles. Ela não se atrapalha. Passo-lhe umas uvas e cerejas para irem partilhando e observo as reacções. Os sabores, as texturas, o cheiro dos morangos misturados com os risos… estou a gostar. Ela aproveita para conhecer melhor o novo elemento e dá-me imenso tesão vê-los juntos. Os dois machos sabem perfeitamente onde cada um está, tentam delinear território, mas partilham a fruta e a fêmea de forma cordial. Impressão minha ou o meu discurso está a ficar demasiado parecido com o do David Attenbourough? Acho que isto era capaz de dar um bom estudo para o National Geographic.

continua aqui para a semana

domingo, 16 de janeiro de 2011

Early Sunday Hadith...


música: Libera me por The American Boychoir

Quando empurrei a madeira velha, a grande portada abriu com um rangido, pela qual escorreu um fio de luz branca, revelando em reflexos prateados o interior da igreja sombria e lúgubre. Ela, esvoaçando no seu vestido vermelho, segurava-me com firmeza pelo pulso, com agressividade até, e os tacões dos sapatos ecoavam pelas paredes decoradas por frescos, estátuas de santos e quadros de arcanjos, um deles penetrando uma mulher com um sabre, numa perfeita analogia dos valores cristãos. Caminhava comigo pelo braço com passos decididos, bamboleando os longos caracóis negros sobre as costas, que eu com os olhos seguia, hipnotizado, de cá para lá, de lá para cá, em direcção ao altar, de onde o Cristo crucificado nos observava. Jurei que ele, com aqueles olhinhos mortiços, adivinhava as nossas intenções na casa do senhor, seu pai. As sombras que dançavam nas paredes lambiam as estátuas como línguas negras, brincando com a minha mente; vi o Cristo tentar saltar da cruz, pronto a tomar uma atitude, arregaçando as mangas, se as tivesse, como um porteiro mal-encarado.

À frente do altar, estacou de forma abrupta, ecoando a voz pelas paredes numa gargalhada, rodando sobre si mesma. Segurei-a pela cintura com firmeza e puxei-a para mim, de costas. Pressionando-a contra o meu corpo, colando-o ao dela, percebi que os saltos lhe concediam aquele dedo de vantagem sobre mim; ainda assim, afastei-lhe o cabelo com um puxão, expondo o pescoço branco e sem marcas. Ela sorria, desde a jugular, perversamente. Se tivesse comigo uma capa negra, tê-la-ia cingido em treva dentro daquele espaço já envolto em penumbra; como um vampiro de caninos afilados, quis fechar o maxilar sobre a carne imaculada, mas mordi o ar num bater de dentes reverberante, quando rodou sobre o corpo e se libertou, provocando-me com o dedo que agitava à frente do meu nariz, «nãnãnã», à medida que recuava para o altar. Fiquei a observá-la enquanto se passeava em volta deste e sentia com os dedos o toque acetinado que recobria a pedra fria. Em torno dela, havia fruta, quilos de fruta espalhada; maçãs, morangos, cerejas, ameixas, uma aguarela de cores açucaradas que contrastavam com o negrume sepulcral e religioso que nos rodeava. Poderia ela ter lá estado antes? Estaria eu a caminhar para uma armadilha? Sentou-se, rodeada por velas, umas baixas, outras altas, todas se derretendo no torpor nocturno, e cruzou a perna num movimento lento e deliberado. Fechou o polegar e o indicador sobre um morango vermelho e intumescido, levou-o à boca, trincando-o, luxuriosa, deixando que o sumo escorresse pelo canto dos lábios e queixo, como uma torrente de sangue fresco. Os meus músculos ficavam rígidos só de ver a figura dela recortada no altar do templo. Levantou os olhos castanhos vivos, brilhantes do reflexo das pequenas chamas que dançavam com as sombras e pontilhavam o espaço, num fulgor de provocação, chamando-me para junto de si.

Saltei o degrau que me separava do altar, transpirando, efervescente, apesar do frio tumular, sentindo o calor que emanava do seu corpo, o sangue pulsar-lhe nas veias, sorvendo o ar impregnado do perfume dela, arquejante. Lançou as garras afiadas ao meu casaco e puxou-me, despindo-me num movimento brusco, cravando-me os dentes no peito. Com uma cereja inchada, de um vermelho negro, acariciando-a entre os dedos, passeou-a pela minha testa e nariz, até chegar à boca, não me permitindo que a mordesse, antes esmagando-a contra os meus lábios; besuntou-me o queixo, empurrou-me para longe e riu. Com uma passada que ecoou como um martelo que cai sobre pedra, devorei os passos que nos separavam; as suas pernas fecharam-se em torno da minha cintura com a força de tenazes, ora afrouxando o aperto, ora entesando as coxas, fazendo as minhas ancas irem e virem em movimentos pendulares. Subi as mãos famintas pelas ancas dela, apertando-as com as unhas, e arranquei-lhe o vestido pela cabeça, despenteando os cabelos longos numa explosão de negro. Ao mesmo tempo que, sôfrego, a libertava do aperto curvilíneo do vestido, ela rasgava-me a camisa pelos botões, implacável, cravando as unhas vermelhas no meu peito e descendo, com força. Sabia que ficava marcado facilmente e dava-lhe gozo deixar a sua marca como se para ela não passasse de uma peça de gado. Esmagou um cacho de uvas com a mão e esfregou-o no meu peito, lambendo-o, num riso deliciado. Olhava-me nos olhos com lábios cheios que se desenhavam num sorriso malicioso. Puxei-lhe o rosto apertando-lhe a mão no pescoço. Reagiu com um suspiro que se espalhou pelo espaço vazio, frio e morto; só os nossos corpos libertavam calor suficiente para aquecer o mundo à nossa volta, o vapor da nossa respiração quente entrelaçava-se e esbatia-se na atmosfera, à medida que os nossos lábios se beijavam, chupavam, mordiam e as mãos trocavam de corpo, numa exploração atrapalhada e ansiosa, como se não houvesse dedos suficientes para percorrer todos os espaços. Sem aviso, como uma gata assanhada, enterrou os dentes no meu lábio. Chupei o sangue e, despeitado, ansiando por aquele pescoço, puxei-lhe a cabeça para trás, colocando-a sob o meu jugo, e contemplei-o, enfim à minha mercê. Era branco, imaculado, e só o Cristo que nos observava sabia o prazer que teria em deixar-lhe a minha marca. Mordi-o com força, chupando a pele com os dentes e lábios. Queria arrancar um bocado de carne. Com as mãos fechadas na minha cabeça, empurrava-me para baixo; passando-lhe as unhas nas costas, lambia-lhe os seios e os mamilos em pequenos movimentos circulares, prendendo-os com os dentes, puxando-os com os lábios; as mãos dela na minha cabeça a encresparem-se de excitação revelavam-me que gostava e os puxões no meu cabelo eram como chicotadas que me acicatavam a continuar. Ela gemia cada vez mais alto e na minha cabeça só pensava em foder, ali, em cima do altar, com os anjos a fazer de público e os santos a servir de juízes. Nada mais me interessava, só ela, nua no altar, a esmagar-me com as pernas contra o corpo transpirado e agora pegajoso das ameixas negras que mordia e espalhava pelo peito dela com a língua e as mãos, arroxeando a pele branca.

Libertei-me do seu aperto e deitei-a. O cabelo negro espraiou-se pelo altar, caindo em cascatas espirais; segurei-lhe uma perna e mordisquei-lhe a coxa, descendo lentamente com os lábios, e foi então que, abrindo-lhe mais as pernas, libertando-a do freio, encostei a língua toda, sentindo uma descarga eléctrica atravessar-lhe o corpo, da ponta das unhas de sangue até à ponta dos fios do cabelo; saboreei-a com a língua, que se mexia em círculos, de cima para baixo, explorando-a de todas as formas possíveis. Senti-a cada vez mais quente e molhada; deixava-me louco a forma como se contorcia e fazia pressão na minha cara. Gemia alto, fazendo com que toda a igreja gemesse em uníssono, num eco que ressoaria nas paredes muito depois de irmos embora, servindo de consolo a viúvas solitárias e companhia a jovens virgens. Como se fosse minha dona, mandou-me parar e, autoritária, ordenou-me que me levantasse. Ergueu-se de um pulo, sobre os saltos, e empurrou-me para o altar; trepou para cima de mim. Os seus olhos felinos e quentes não escondiam o desejo que tinha de me foder, tão forte como o meu. Montou-me com segurança, com controlo total, queria deixar bem claro que era ela quem mandava ali, definindo a que ritmo deveria mexer as ancas e erguer o corpo para melhor me torturar. Cravei-lhe as unhas numa nádega e rodeei-lhe o pescoço com uma mão, entrecortando os suspiros e os gemidos, forçando-a a acelerar, e desci pelo peito, apertando-lhe os seios, puxando-a para mim para lhe morder os lábios, doces da mistura de saliva e sumo, enquanto a sentia subir e descer sem parar. As paredes da igreja transpiravam e a própria madeira do chão e dos bancos rangia, frenética, como se fosse um ser vivo em êxtase. Os santos benzeram-se e o Cristo virou a cara para o lado… espreitando pelo rabo do olho. Os nossos corpos nus, doces e lambuzados roçavam-se um no outro e as peles em ebulição devoravam-se ao toque, extasiadas; com ela tão perto, os cabelos explodindo na minha cara, lambia-lhe a orelha, explorando cada recanto com diligência, e chupava-lhe o pescoço até ficar roxo, ignorando os seus falsos queixumes. Todo o seu corpo pedia mais, mais, mais, o que só me atiçava para lhe dar tudo o que me pedisse, tudo, numa rendição incondicional. Quem passasse lá fora, fugiria para se esconder em casa, trancaria portas, correria o ferrolho das janelas, jurando por todos os santos que, naquela igreja, os espíritos se exorcizavam. Ela gemia, eu arfava, ela mordia, eu suspirava, num ritmo frenético. Voltou a erguer o corpo; forçava-o para baixo e eu sentia que não havia forma de estar mais dentro dela. Deixei escapar um gemido que se repercutiu com os dela pela atmosfera. Rindo com os olhos, divertida, como se tudo não passasse de uma brincadeira, alcançou uma maçã vermelha; com um sorriso sedutor de Eva no paraíso, trincou-a e beijou-me: senti as nossas línguas quentes e carnudas enlearem-se uma na outra em círculos desenfreados, à medida que a maçã se derretia na nossa saliva. Chupou-me a língua e saboreou a fruta, lambendo os lábios. Começou lentamente a descer pelo meu peito, pela minha barriga, que se contorcia e encolhia ao toque quente dos lábios e da língua. Sentia que me engolia, à medida que os seus lábios subiam e desciam com tanta força e sucção que parecia querer arrancá-lo com a boca. O movimento da cabeça, os lábios que comprimiam e afrouxavam o aperto, a língua que se debatia, tudo me deixava com os nervos à flor da pele; sentia que me faria vir neste momento só de me tocar com uma pena. Ela sabia-o bem e jogava com isso, a cabra! Segurei-lhe os cabelos e puxei-a para o meu lado, deitando-a de costas para mim. Passeei as mãos e as unhas pelas coxas dela, marcando-as com cinco arranhões vermelhos e borrando-as com uma massa pastosa de açúcar. Já não havia ali fruta ou formas, tudo era uma massa de carne e sumos doces; com os dois sobre o altar, transpirados e lambuzados, sob escrutínio divino, penetrei-a, pressionando o seu corpo contra o meu com as mãos que se cravavam nas ancas e no rabo. O corpo nu e quente exercia uma atracção irresistível. Apertei-a com mais força, enquanto me mexia por trás dela, mordendo-lhe as costas até sentir a pele clara contrair-se num arrepio. Roçava o corpo num frenesi, mexendo-se com envolvência serpenteante; rodou o pescoço, os seus lábios molhados e quentes procuravam, ávidos, os meus. Apertei-lhe um seio, apertei e puxei o mamilo com os dedos, mordeu-me os lábios, entre suspiros entrecortados. O seu orgasmo era iminente e eu cravava os dentes no meu próprio lábio, para aguentar, para adiar o que se tornava cada vez mais inevitável. A um ritmo cada vez mais rápido, com os corpos em modo automático, senti o seu orgasmo, quando, no limite do suportável, lhe puxei o cabelo e enterrei os dentes no pescoço, descontrolado pelo modo como me excitava ao foder com aquela intensidade. Cada vez mais depressa, mais forte, mais fundo, explodi dentro dela, com a pele a contrair-se e a distender-se, o cérebro a forçar as paredes do crânio, num fulgor tão intenso que nos ameaçava consumir. Parámos, ofegantes, com o altar a escorrer suor e açúcar, os santos a fazer o sinal da cruz e a Virgem com uma mão sobre a cara e a outra cobrindo os olhos do Menino. As velas consumiram-se e caímos na treva prateada do fio de lua que escorria do exterior.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Alperces

foto: Getty Images



A fome aperta vai a manhã a meio.
é no que dá pedalar forte e feio!
Comi uma pêra, mas não me satisfez.
Fui à frutaria e comi 10 de uma vez!
Os primeiros do ano, que bem me souberam!
Ofereci aos meus colegas, mas não quiseram…

Pequenos, macios, doces, sumarentos…

Um aroma fresco e suave tal brisa de Verão
Sorvo de um trago a energia dos momentos
em que conforto o estômago e reforço a atenção!

Não sabem o que perderam!


Queres?

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Já comeste fruta hoje?

A fruta é saudável, dizem os entendidos, trazendo vários benefícios para a saúde.

Deve se comer, pelo menos uma ou duas peças de fruta por dia.

Nós propomos uma forma alegre e saudável de a comer.

Ingredientes:
Fruta fresca e madura da época: ananás, maçã, pêra, morangos, meloa, banana, pêssego, uva, etc.

Vinho do porto (um cálice ou dois)

Para acompanhar um vinho branco doce, um moscatel de Setúbal ou um Porto Rubi (é importante que seja um vinho doce).

O preparar:

Prepara-se a fruta escolhida, descasca-se e corta-se em pedaços pequenos (pode-se dividir a fruta por vários recipientes).

Após a fruta estar cortada, temos de preparar a base onde a iremos colocar.

Para isso é necessário que uma pessoa se voluntarie para… ser a base.

Escolhe-se um sítio confortável, e depois da pessoa estar confortavelmente deitada, esfrega-se pelas partes do corpo onde a fruta irá ser colocada (recomendo a zona que vai desde o pescoço até depois do fundo da barriga) com o cálice de vinho do porto que irá servir para aquecer a pele e adocicar a fruta e o corpo.

Distribui-se a fruta a gosto pelo corpo (se a pessoa voluntária começar a reclamar muito ou a mexer-se pode-se sempre amarrar), e está pronto a servir.

Tiram-se umas fotografias para recordar o momento.

E, por fim, a melhor parte, toca a comer a bela da salada de fruta.

Recomenda-se comer sem usar as mãos e directamente de onde a fruta se encontra depositada.


sábado, 4 de julho de 2009

Fruto-Rei


Olha para ele, iluminado, com toda aquela exuberância tropical, está mesmo a pedi-las!
Pega na faca grande de serrilha e começa por te livrar da coroa. Depois corta-lhe o pé.
Já se começa a sentir aquele cheirinho bom, adocicado. Corta a casca à volta, às tirinhas, o mais finas possível.
Já começa a escorrer o sumo? Mnham, mham, é de lamber os dedos.
Agora corta-o ao meio e depois em quatro. Tira-lhe o centro rijo, mas só se for mesmo muito rijo.
A luz sai lá de dentro e invade o olhar. Sol aos pedaços.
E está pronto a ser saboreado. Sabe mesmo bem aquecido no molho de uma carninha grelhada, mergulhado em chocolate de fondue ou comido assim mesmo, ao natural.
Ummmmm, doce e ácido, fibroso, fresquinho, sumarento, madurinho, mesmo bom!
E o cheirinho adocicado, intenso, caramelizado, perdura nos dedos e na memória...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

quadrado

Tive na mão um chupa-chupa agridoce. Segurei-lhe o pau, fi-lo rodar nos meus dedos e olhei para as duas faces da superfície colorida, atractiva. Tinha quatro lados iguais, cada qual com a sua cor. Comecei a lambê-lo, a arredondar-lhe os cantos e era doce. Tutti-frutti, uma mistura de sabores de onde distingo um travo a goiaba, morango, laranja e abacaxi, salpicado de canela. Foi ficando transparente com as minhas lambidelas, até conseguir ver-lhe o coração. Trinquei-o e cheguei a uma parte mais amarga de mentol. Ao contrário dos chupas normais, este começou por ser doce e o núcleo é mais ácido, limão. Mas os meus dentes esmagaram o coração acre e trituraram-no com a doçura da fruta, misturando os sabores. Os pedacinhos coloridamente saborosos lutaram na minha boca, estimulando as papilas, fazendo-me sentir todos os cambiantes de sabor. Gulodice, pura gulodice…