quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Olhar... (3)

(...) continuação daqui
rosto_
Encontramo-nos no restaurante combinado, calmo discreto, não romântico, mas há hora que era… a fome era mais que o romantismo… pela segunda vez beijaste-me… ainda bem, nunca saberia como te haveria de beijar, continuas a cheirar ao mesmo perfume, doce, suave…
O teu beijo foi tão bom como o primeiro, suave, quente, doce…
O jantar acabou por ser delicioso, pude olhar-te de frente, ver o teu olhar, ai o teu olhar… foi ele que me prendeu a ti, os teus olhos verdes têm qualquer coisa de muito próprio, o teu olhar meigo, doce, com um toque promíscuo misturado com um outro toque algo virado para o lascivo…
Os teus lábios brilham, o vinho tinto que bebemos era bom, relaxei, contemplo-te, a tua forma, tens uma forma perfeita, não tens as curvas nem as contracurvas impostas pela sociedade (tal como eu!) sinto bem junto de ti, dás-me segurança….
Decidimos sair do restaurante, pago eu, não pago eu, olha para não haver guerras pagamos os dois, metade para mim, metade para ti!
Para onde vamos? Onde queres ir? Eu… assim meio com vergonha, meio sem ela, disse: a minha casa não fica muito longe daqui… queres vir…
O que fui eu fazer…
(…)
Continua aqui

domingo, 24 de fevereiro de 2008

sábado, 23 de fevereiro de 2008

eucalipto

Era sábado, o meu dia preferido. Passei a noite a sonhar com nós os dois, como nos primeiros tempos de namoro. O dia estava lindo, respirava-se um ar perfumado, a Primavera estava a caprichar e eu sentia-me bastante leve e fresca, como num anúncio a pensos higiénicos. Ou ainda mais.

Tinha de ir ver como estava a correr um trabalho que estava a ser produzido e encontrei imensa gente a trabalhar na empresa que nos fornecia, num ambiente de boa disposição, quase de festa. Pessoas realmente simpáticas e competentes, a maior parte eu ainda não tinha tido o prazer de conhecer. Convidaram-me para uma jantarada da empresa que iria haver naquele dia à noite, e eu não recusei, perguntei se podia levar-te. Claro que sim! Foi a resposta.

Eles só iriam trabalhar de manhã, e alguns deles iam até à praia à tarde. Eu disse que também fazia intenções disso, aproveitar um dia tão bom para apanhar solinho. Combinámos então encontrarmo-nos na praia. Infelizmente, não podias ir por causa do trabalho.

O mar estava grande e bravo, mas o tempo muito agradável. As vagas iam escavando a areia molhada, e a praia ficava pequena e inclinada, pelo que fiquei pelas dunas assim inesperadamente inclinadas. Estava bastante gente na praia, não ia ser fácil encontrá-los. Depois de andar um pouco na parte superior da areia, lá encontrei um grupo bem disposto, a jogar com uma bola de vólei. Eram eles, que logo me convidaram a participar. Eu sou mais raquetes, adiantei, nunca vou para a praia sem levar um par. Uma das raparigas que estava estendida na toalha ofereceu-se logo para jogar. Quando começo, é difícil parar. Joguei com ela, joguei com outro rapaz que já conhecia e mais outro, e depois juntou-se mais um par de raquetes e começámos a jogar a quatro, jogámos até nos fartarmos. É um jogo curioso, é como a sedução, há que manter a bola no ar. Não é como o ténis, em que os jogadores são adversários, mesmo quando são pares, juntam-se para ganhar aos outros. Na praia, o que importa é que a bola não caia, nem que para isso sejamos nós a cair. Mas também não é só ficar imóvel no mesmo sítio à espera que a bola venha ter connosco; é perceber até que ponto podemos arriscar uma bolada diferente e ter resposta do outro lado.
Os risos, os corpos a movimentarem-se deram-me imensa sede. E fome. Havia dois irmãos, um rapaz e uma rapariga mais velha que moravam do outro lado da estrada e perguntaram-me se queria ir com eles buscar cerejas, ao que respondi logo que sim. A gaveta do frigorífico deles estava sarapintada de cerejas! Levámos um montão delas para a praia, passámos pelo café e levámos também sumos e cerveja para o pessoal. A minha boss ligou a dar os parabéns, o cliente tinha gostado muito do trabalho e eu transmiti essa ideia ao pessoal que o tinha estado a executar.

Lembrei-me de ti, se já estarias despachado do trabalho. Ainda ias demorar, ias direito ao tasco para jantar. Provoquei-te com as cerejas, disse-te como eram doces e saborosas, como se trincavam bem de olhos fechados para o sol, apesar de serem rijas, faziam aquele som característico da polpa a ceder perante a incisividade dos dentes e estavam tão fresquinhas…

O dia estava a terminar, regressei a casa para tomar duche. A água doce a humedecer-me a pele soube-me bem, que pena não puderes partilhar esse prazer comigo, toquei-me ao de leve, mas queria guardar todo o meu tesão para ti, por isso despachei-me rápido, vesti aquele vestido preto com florzinhas que tu adoras, umas cuecas pretas que me ofereceste e as sandálias a condizer. Gostas do vestido porque é muito prático de tirar, e posso usá-lo sem soutien porque segura confortavelmente o meu peito.

Um eyeliner preto discreto, um pouco de brilho nos lábios, cabelo apanhado e lá fui, ansiosa para estar contigo e com aquele grupinho de pessoal tão simpático.

Estava ligeiramente atrasada, mas ainda cheguei bem a tempo. O sítio era uma tasquinha que eu já conhecia, a uns quilómetros da cidade, onde eles costumavam comer, pois dá para ir a pé da zona industrial até lá. A dona coxeia um pouco por causa do peso da idade que carrega às costas, mas anda sempre com um sorriso nos lábios, a acolher quem chega, a dar uns toques na cozinha. Era dia de rancho. Não sou muito apreciadora, mas o pessoal incentivou-me a provar, que era o melhor prato da casa e eu acedi.

Finalmente chegaste. Iluminado. Todo bem vestido, talvez demasiado formal para o sítio onde estávamos. Sorri-te. Sorriste de volta e deste-me aquele beijo quente e ternurento que só tu sabes dar. Que sede, que fome de ti! Desejei que toda aquela gente desaparecesse para eu poder dar largas ao meu desejo! O meu querer, a minha urgência de ti aumentava a cada segundo. A comida estava realmente excelente, mas o que eu queria mesmo comer, eras tu! Só queria saltar-te em cima! Sentia-me a intumescer, a latejar por ti, completamente encharcada. E tu percebias isso, percebia-lo muito bem, e provocavas-me, punhas discretamente a mão por baixo da mesa, tocavas-me nas coxas, e eu esforçava-me para não me descontrolar.

Fui à casa de banho, tirei as cuecas molhadas, voltei para o meu lugar e sussurrei-te ao ouvido o que tinha feito. Olhaste-me com o olhar incendiado e nem quiseste esperar pela sobremesa, disseste à dona que irias comer outra coisa que ela não tinha na lista, arrancaste-me dali e viemos cá para fora.

A noite estava fresca mas nós estávamos quentes, a ferver, pelo que o fresco da noite nos fez bem, mas não acalmou a vontade, a fome da sobremesa especial. Eu já estava a escorrer, sentia as coxas húmidas, tínhamos de encontrar um local suficientemente discreto para podermos dar largas ao nosso apetite e eu lembrei-me de uma rua que terminava num eucaliptal e para lá nos dirigimos.

Baixei-te as calças e o teu sexo espreitou logo de pé, como aqueles bonecos das Caldas. Não resisti a beijá-lo, a sugá-lo e a mordiscá-lo, deixando-o ainda mais teso.

Pediste-me para me levantar, encostaste-me a um eucalipto, beijaste-me a boca, o pescoço, os seios, enquanto a tua mão provava a minha excitação.

Completamente intumescida, antecipando o gozo da penetração, supliquei-te, enquanto te mordiscava a orelha: Fode-me! Tu sabes que é uma forma provocadora de dizer Ama-me! E foi o que tu fizeste, acelerando-me a respiração. Segurei-me ao tronco, enquanto me penetravas por trás e me tocavas no segredo. Eu delirava, apertando-te lá dentro, enquanto entravas e saías cada vez mais rápido, num movimento frenético. A minha mão disponível acariciava-te as bolas, seguindo o movimento do teu pau, um dos meus dedos acompanhava a tua entrada e junto com a tua mão tocava no meu segredo até rebentar numa explosão de luz branca, que me percorria o corpo até aos dedos dos pés e à raiz dos cabelos e se prolongava na tua explosão que me alagava e preenchia completamente.

Depois de descansarmos um pouco encostados ao eucalipto cúmplice, com um sorriso plenamente saciado, voltámos para junto do grupo ainda a tempo de pagar a conta. O pessoal estava tão entretido com cantorias e cerveja que nem tinha dado pela nossa falta. Era um grupo simpático. Havíamos de sair mais vezes com eles :-)

imagem: getty images

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

provocação gratuita 4

"Quem ouviu alguma vez dizer que uma mulher casada tivesse conseguido fazer do marido um poeta? A mulher inspira o homem, sim, mas durante o tempo que for vivendo até a possuir."

Kierkegaard, O Banquete (Discurso de Vitor Eremita)

Excerto mais alargado aqui.
Gracias Bloguemate :-)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

domingo, 17 de fevereiro de 2008

é preciso ter calma!




Amor, essa palavra que me mata
me corta (como uma faca)
me deixa no chão, como um cão
nu sem sossego, como o prazer que te nego.
Dor, cativa, privada,
bruma que te cobre o corpo de fada,
sonho, distante na mente
e de repente, saber que se esta só.
É duro, é puro o futuro,
sempre presente como o céu na tua frente
pintado, queimado, vazio assumido
um corpo triste despido
e uma mão que se estende,
depende de quem vier
e é mesmo assim que se quer.
Longe ou perto,
tudo é deserto
Tudo é montanha que te arranha a alma
com fúria, com calma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
Vês o passado dorido, ferido,
agora tudo te é querido.
Memória, vitória, não é esta a tua história.
Voou a tua vida, perdida,
por entre os braços da SIDA.
Mentira, roubada, pesada,
uma seringa trocada, um prazer que agora é nada.
Perdoa se não sei que fazer,
Mas sei que deve doer,
dá-me o teu olhar e eu dou-te o meu amor,
e o beijo urgente, premente,
esperança que não dorme, conforme,
e dita o eu estar aqui.
Amanhã, sei lá, para já o som da guitarra
que me agarra, me prende, me solta,
e a ti dá-te a volta, ao sorriso,
tem calma...
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
Juízo, não tenho medo, não temo
só tremo de pensar...
mas não penso, e tenso te faço viajar
com a voz.
Lembro Novembro passado
quando os dias eram curtos
e as noites de fado,
rasgado, cantado, sentido.
No Deus que criamos
aprendemos a viver, de cor,
meu amor,
e agora é hora,
tudo fica por fazer,quero-te dizer mais uma vez
que te amo, talvez, te quero,
te espero e desespero por ti,
e que isso só por si
me chega pra viver,
mesmo quando só houver...
silêncio...
imenso,
e dor, e pior, meu amor,
a lembranca que descansa
os olhos teus nos meus...
Adeus.
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Biologia vs Razão



Por que razão é que nos excitamos pelo simples facto de olhar para alguém com um aspecto interessante?
Por que razão é que uma pessoa intelectualmente excitante, pode perfeitamente não interessar sexualmente?
Não há razão, não pode haver. A não ser o raio da Biologia. Mas isso será Razão?
Folheio uma revista e o meu olhar fica preso a uma impressão de alguém com uns olhos magnéticos. Fico ali a olhar para aqueles olhos durante uns segundos, a percorrer com os meus o corpo que os transporta, antes de reparar na parvoíce que isso é.
Conheço na net alguém que partilha os mesmos interesses que eu, que me excita intelectualmente e depois quando nos encontramos pessoalmente não há química nenhuma.
Mas o que é isto?! Parece que o meu corpo anda a gozar comigo. Ó MONTE DE CÉLULAS, ORGANIZA-TE!!
É uma coisa que me intriga, deveras. Que raio de selecção é esta que eu faço? Que tipo de pessoas me interessam como parceiros sexuais? Têm de ter o que eu acho que é "compatibilidade física". Têm de ter o que eu acho que é "compatibilidade intelectual". Não será isto exigência a mais? Mas que parvoíce de selectividade é esta, alguém me explica?!
Eu já percebi que as coisas não resultam quando vou lá só porque a pessoa em questão é fisicamente interessante. Também já percebi não resultam quando a pessoa é "apenas" intelectualmente interessante. E também já percebi que às vezes demora algum tempo, mas uma pessoa que à partida me empolgava, depois de revelar o que lhe vai lá dentro apaga-me o tesão; e também já aconteceu uma pessoa que não me dizia nada fisicamente, depois de se revelar um pouco mais intelectualmente, dá-me um tesão desgraçado. Custa-me aceitar isto. Não aceito. Acho que devia ter o direito de me entusiasmar por quem eu quisesse e as coisas resultarem. Mas sinto que não tenho. É claro que são precisas (pelo menos) duas pessoas para dançar tango, e eu não sou inteiramente responsável por as coisas não resultarem, mas até que ponto é que eu devo ceder? Até que ponto posso tolerar comportamentos que não me agradam?
O sexo atrapalha a vida…
imagem: feromonas

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Olhar... (2)

(…) continuação daqui
O dia começou cedo, embora a minha excitação fosse mais que muita tinha que a fazer passar despercebida.
Valeu ser uma manhã trabalhosa, passou rápida e nem dei bem por ela… gaita! Tenha uma chamada não atendida, será que era tua? Não… era só de um amigo, volte a ligar mais tarde se quiser…
Vou almoçar, não tenho grande apetite, o teu beijo não me sai da cabeça, foi diferente, não foi roubado, foi dado, tem um saber muito diferente, já roubei e já me roubaram muitos beijos, todos eles foram muito bons, mas este… foi mais que bom, foi… deliciosamente bom…
E o telefone que não toca… já estamos a meio da tarde… tu não dizes nada… será que perdeste o meu número?
Não, não te vou ligar, tenho de me conter, foi só um beijo, sim, não foi só um beijo, foi um beijo excelente!
Fixe! O telefone toca, será que és tu? Ora porra! Sim… oi, tudo bem? O que queres… queres vender o quê, mas achas que eu vou comprar isso? Achas que eu preciso disso para alguma coisa? Sim, já sei que pensaste em mim, que sou boa pessoa e mesmo que não compre sempre poderia vender para ti… pois… tá bem… esquece lá isso! Sim, temos de combinar ir beber um copo com o pessoal um dia destes, sim talvez no fim-de-semana, depois telefono, xau!
Que melga! Mas não é mau rapaz!
O dia terminou, que nervosismo e o telefone que não toca!
Casa, minha doce casa…. O telefone toca…. Sim és tu, finalmente és tu!
nokiaSim, sim está tudo bem, e contigo? Pois… não tem problema não teres ligado mais cedo (a gaita é que não tem! Ia-me dando para aqui umas coisinhas más por conta do telefone…), muito trabalho… pois há dias assim, queres encontrar-te… jantar… não, não jantei, deixa-me só tomar um banho mais ou menos rápido… a que horas… sim, pode ser lá nos encontramos… beijos, até já.
(...) e continua aqui

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008



Ela chegou, “muito querida”, abordou-nos, propôs-nos um texto. Gostámos. Publicámos. Ela tinha vontade de mais. E assim surgiu um novo blog, um espaço quente, sensual, entusiasmante. Recomenda-se: Palavras Quentes.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

360º

Era um dia banal de fim de Inverno. Tinha estado a chover de madrugada, a estrada estava molhada. Ela fazia o trajecto diário ao encontro dele. A ansiedade de estar com ele fá-la carregar no acelerador, mas não mais que o habitual. Ela tem o pé pesado, o facto de a estrada estar molhada não a faz abrandar.
Era um carro velho que já tinha passado por vários donos. Pequeno, leve, de pneus estreitos, cor-de-burro-quando-foge. Apesar de ter carta há alguns anos, só há pouco tempo tinha o seu burrito, como gostava de lhe chamar. E gosta da liberdade que ele lhe dá, de poder chegar a qualquer lugar, a qualquer hora autonomamente.
E lá vai ela, a visita tem de ser rápida, tem de ir à escola, tem de aproveitar bem cada segundo com ele. A estrada está lisinha, foi arranjada e alargada, há zonas em que tem 3 faixas, em melhor estado que a auto-estrada. É um caminho agradável entre eucaliptos e pequenas povoações.
Ela sabe de cor as curvas, os melhores sítios de ultrapassagem, vai em piloto automático enquanto pensa nele e nas aulas.
Começa a abordar a curva de 90º a 80 km /h, com a confiança de sempre, da forma como sempre faz. Retira o pé do acelerador devagar, dá-lhe um cheirinho de travão, um pouco mais… o carro está a fugir-lhe, ela trava mas o sacana do burro é teimoso, foge com a traseira para o meio da estrada.
A adrenalina dispara, sente o sangue a subir naqueles décimos de segundo enquanto tenta perceber o que se está a passar, mas sabe que não é coisa boa. O carro quer virar-se, mas ela lembra-se de uma reportagem sobre condução defensiva e toca a virar o volante no sentido contrário à curva, a tentar endireitar o carro. Roda, roda, roda, roda, o volante gira uma série de vezes, o carro desliza. "Merda, merda, MERDA!" Ela já está a pensar que se vai espetar contra os rails, "e que é que eu vou dizer lá em casa?". Naqueles breves segundos de perda de controlo, começa a pensar no metal esmagado "e como é que eu vou para a escola sem carro?" Mas eis que consegue endireitar o volante e recuperar algum controlo.
O carro parou finalmente, no mesmo sentido em que seguia, mas em contra-mão, paralelo aos rails do outro lado da estrada, a meio metro de lhes tocar. Ela respira fundo. Está a tremer por todos os lados, deixou o carro ir abaixo. Liga os 4 piscas, vem um carro na sua direcção, ela consegue pô-lo a funcionar e arrancar para a sua mão.
Os km que a separam dele são poucos, mas demoram o dobro do tempo a metade da velocidade normal. Quando chega, abraça-o com força, ainda a tremer. "Não vais acreditar no que me aconteceu!" Aquele abraço acolhedor retempera forças e confiança. Acalma, reconforta, alimenta. É suave, quente, é exactamente o que precisava para seguir viagem.
Ela começa lentamente a ter noção do sucedido. Começa a perceber que teve imensa sorte. "E se viessem carros no sentido contrário?" Durante os próximos tempos que passar por aquela curva, vai redobrar a atenção, depois a pouco e pouco, começa a agir como dantes, como se nada tivesse acontecido. Atribui o despiste ao acaso, à água e óleo misturados no pavimento, a uma situação impossível de controlar. Dali a uns tempos, já conseguirá fazer piadas com o assunto. Mas ela não esquecerá nunca a tremenda sorte que tem no meio do azar. Aquele abraço.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Olhar... (1)


Olhar quente, provocante… quase que promíscuo… foi isso que pensei de ti a primeira vez que te vi.

Depois, não sei bem como conhecemo-nos, tínhamos amigos em comum, pois foi, vários até.

Mas o teu olhar, cada vez que os meus olhos cruzavam com os teus, tinhas sempre aquele olhar… quente, deliciosamente quente, provocavas com o teu olhar, sentia-se isso, onde passavas, a tua presença fazia sentir-se.

A tua presença irritava-me, conseguias rapidamente ser o centro das atenções, não que fosses desinteressante, mas o teu olhar… perco-me no teu olhar…

Quando queres tens um olhar doce, meigo, o teu olhar arrepia-me!

Com o tempo fui-me habituando ao teu olhar, olhavas-me de forma lasciva, talvez por não te ligar muito (ok, confesso, fingia ignorar-te), o teu olhar fustigava-me de desejo, apetecia-me agarrar em ti e beijar-te!

Mas o que pensarias de mim, se fizesse tal coisa, mal nos conhecemos, mal nos falamos, é certo que frequentamos os mesmos sítios, olhas diversas vezes para mim, sempre com o mesmo olhar, quente, provocante…

Acendes-me o desejo, o meu corpo fica a arder em desejo, bem que queria tocar-te, beijar-te… mas não posso…

É certo que a concorrência é muita, tens sempre gente de volta de ti, há sempre alguém que se interessa… mas é certo que nunca te vi com ninguém.

Ao fim de, já não sei quantos tempo, em que trocamos olhares, em que o teu olhar alucina o meu desejo, falamos pela primeira vez, a tua voz é como o teu olhar, quente, provocante, emana desejo… porra! Desejo-te!

E lá fizemos a conversa de ocasião, olá, olá, tudo bem, tudo bem, prazer em conhecer, igualmente, o meu nome é… e o meu é… até o teu nome me acendia o desejo, ao pé de ti, não entendo porquê, mas o meu corpo termia, incendiava-se, excitava-se, o meu corpo explodia de desejo… mas não, tenho de me controlar, onde fica a casa de banho… vamos lá ver se ela não está a abarrotar de gente!

Ufff, que sorte tinha uma sanita para mim, sentei-me, toquei-me, senti finalmente um alivio, satisfiz-me mesmo ali, que sitio tão estranho para me masturbar, mas tinha de o fazer, precisava de me acalmar, na minha cabeça só via o teu corpo, o teu olhar, o teu olhar lascivo e provocante…

Que bem que sabe tocar-me… que pena não seres tu a tocares-me, porque sim, não vou logo à primeira vez com alguém para a cama, e para mais não tenho preservativos, não sei por onde andas… e concorrência não falta…!!!

Volto para o grupo, o meu corpo está mais calmo, a minha excitação física está aliviada… à falta de melhor termo.

Sento-me, num pequeno sofá que por ali estava, tu viste ter comigo, que também te querias sentar e que aquela confusão já aborrecia… e eu na minha normal bondade convidei-te a sentar, ou melhor a partilhar o sofá, o que vale é que ele era espaçoso ou então tinha de ser mesmo um em cima do outro… não é que a ideia não me agradasse…. Mas não seria o sítio indicado, nem que fosse porque a roupa que trazíamos não era a mais indicada para esse tipo de loucuras… não que sexo num lugar público não fosse… desafiante… nunca o fiz, e o meu corpo deseja o teu…

Mas pronto acabamos por ficar ali naquele canto à conversa, ficaste a saber o que eu faço, fiquei a saber o que fazes, idade, o teu cheiro… ficou-me no nariz o teu cheiro, tinhas um perfume suave, era agradável, e os teus olhos, finalmente pude olhar de perto para o teu olhar e analisa-lo, os teus olhos brilhavam, tinhas uma expressão doce, como sempre tens, mas via-se que sabias o que querias e como querias, desde que te comecei a observar ia analisando os teus pequenos comportamentos e garantidamente sabias o que querias!!!

Mas perco-me no teu olhar, simples, doce, meigo, penetrante, olhos verdes, olhos verdes estranhos, mudam de tonalidade… disseste-me que não distinguias algumas tonalidades de verdes…

Tem graça, olhos verdes… e não distingues os verdes!!!

Trocamos de telefones, e disseste que te ias embora, querias ir descansar, e eu… olha! Também vou! Isto também já deu o que tinha a dar, está na hora de ir para casa, acabamos por sair os dois.

Acompanhaste-me ao carro, despedimo-nos… bem que te queria beijar os teus lábios… são deliciosos, carnudos…

Mas foste tu que me beijaste… foi um momento sem palavras que possa descrever… foi suave, quente, ligeiramente húmido, os nosso lábios deslizaram um contra o outro, foi um momento único…

Despedimo-nos, e tu disseste-me, amanhã telefono-te!

Foi o meu momento de loucura total, embora exteriormente controlei-me, sorri, disse até amanhã, meti-me no carro e corri para casa.

Cheguei a casa, tomei um belo banho nocturno, não resisti e voltei a tocar-me, o meu corpo pedia-me, precisava de satisfazer o meu corpo, a minha excitação era mais que muita, que bem que sabe estar na banheira, com aquela água quente a cobrir o meu corpo, e eu com as minhas mãos a tocar-me… sabe bem….

(…) continuação aqui

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008