domingo, 10 de maio de 2009

~ 12

“O vídeo está no gravador”, disse-lhe, e desta vez sou eu que faço o olhar desafiador. Notei alguma dificuldade da parte dela em olhar-me nos olhos, o olhar dela é sempre fugaz.

Verifico que realmente o vídeo está lá. Qual é a ideia dele, afinal?

“Eu sei que não te sou totalmente indiferente, se assim fosse, não estavas aqui.”

“Tou aqui porque preciso do gravador”.

“Certo, mas não te ias dar ao trabalho de te vestir assim se não me achasses interessante. Não vale dizer que é uma noite de gala, porque da outra vez deste bem a volta ao texto, não te vestiste assim… esses sapatos então, aposto que te estão a incomodar bastante. Se não é interesse, o que é isso?”

Que lata! “Porque acho divertido, faz bem à auto-estima de qualquer pessoa sentir-se desejada. Apeteceu-me provocar-te um bocado, e pelos vistos resultou.”

“Não posso dizer que não tenha resultado, estás realmente deslumbrante, não vou dizer que não me passou pela cabeça possuir-te aqui em cima da mesa.”

O meu coração dispara. “Estás a ver por que é que eu prefiro as mulheres? Os homens são tão básicos! Não podem ver um decote querem logo enfiar o pau! Depois vêm-se uma vez e pronto. Não conseguem pensar com as duas cabeças ao mesmo tempo! Vê-se mesmo que foi um gajo que inventou a expressão «orgasmos múltiplos», simplesmente porque enquanto uma mulher se pode vir uma série de vezes sem descanso, os homens não!” Isto acaba de me sair da boca e eu já sinto que exagerei. Até fico com pena dele, coitado. Fica uma eternidade a olhar para mim sem dizer nada, o que me incomoda bastante, mas desta vez consigo manter o olhar no dele, a controlar a respiração, até ele sorrir.

Ela estava brava. Conseguia sentir-lhe a respiração acelerada. Achei melhor não alimentar aquela discussão do sexo dos anjos que não nos ia levar a lado nenhum. “Explica-me lá qual é o teu trauma com os homens. Já foste para a cama com algum?”

“Já. Mas nenhuma das minhas experiências sexuais com homens foi satisfatória.”
“Com quantos homens já foste para a cama?” - pergunta-me ele.
Um. E chegou bem. “Com vários”.

Perguntei quantos, mas ela foi evasiva. “Não julgues os outros todos por causa desses. Devias dar-me uma chance.”

“Mas olha lá, tu por acaso alguma vez tiveste alguma experiência sexual com um homem?”
“Já.” – Por esta é que eu não esperava. É que não esperava mesmo!

Ela ficou atónita. Agora era eu quem se estava a divertir.

“Tás a gozar! Já levaste no…”

“Não, mas não invalido à partida essa possibilidade.”

Caralho! O gajo tá a falar a sério?!

Foi muito divertido ver a reacção dela. Era por isso que eu a achava tão… sugestiva.

“Mas, porquê eu?”

“Por que não tu? És diferente, ainda por cima lésbica… e eu adoro mulheres impossíveis. Tive de andar imenso tempo atrás da Alice para ela me deixar entrar, não imaginas como ela foi fácil para ti.”

“Não vou negar que sinto alguma atracção, mas isso não chega. Tu tens um pau, e isso desqualifica-te à partida, lamento.”

“Tens medo do meu pénis?” Devo ter dito isto com um ar de gozo, por que ela olhou para mim com desdém. Tentei apaziguar o diálogo: “Ouve, eu não preciso de o usar para satisfazer uma mulher. De facto, quero provar-te isso.”

“Ai sim, como?”

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