terça-feira, 6 de novembro de 2007

MOTO


Acordo com imensa fome de sexo. O dia está a nascer, é estupidamente cedo. Ela dorme serenamente ao meu lado. Toco-lhe e ela geme qualquer coisa, não parece querer despertar. Percorro-lhe o corpo quente, excita-me ainda mais. Viro-a de barriga para mim, oiço-a gemer, adormecida. As minhas mãos encontram-lhe os seios e despertam os mamilos. A minha boca encontra-lhe o sexo e mergulha nele, sorvendo-o. Ela geme, protesta. Fecha as pernas, quer continuar a dormir e eu faço-lhe a vontade.

Levanto-me, tomo um duche rápido, bebo um iogurte.

Calças, blusão, luvas, via verde, capacete – vou levar a minha bad girl até à praia.
Sorri para mim assim que me vê, já sabe que vai passear. É pesada, possante e brilhante, depois de a ter conseguido dominar, mostra-se super fiável, é um prolongamento de mim, um instrumento que me faz andar mais rápido.

Faço-me à auto-estrada, sinto o frio a entrar-me pelos tornozelos, devia ter calçado as botas. Tenho a estrada quase toda só para mim. Fico com a sensação de que estou no mesmo sítio, é a estrada que se move, eu apenas tenho de me inclinar ligeiramente para curvar melhor.
Sinto-a vibrar no meu sexo pulsante e a minha fome aperta. Felizmente o destino está próximo. Nunca mais me atrevi a voar a alta velocidade desde “o acidente”. Ter-me esfolado completamente ficou bem marcado no meu corpo e serviu-me de lição – a partir daí sempre blusão e calças de protecção, e nada de distracções – máxima concentração na condução.
Chego finalmente ao meu lugar preferido, no cimo da arriba com o mar aos pés, rodeada de pinheiros. Estaciono-a virada para o mar, não lhe desligo o motor, quero senti-la a vibrar debaixo de mim, enquanto abro a braguilha e enfio sofregamente a mão no interior das calças, numa tentativa de pacificação com o fogo que me consome as entranhas.

Ligo o mp3, estou a ouvir Metallica, Ride the lightning. Dedilho-me ao som da música, como se fosse uma guitarra. Morro em cada orgasmo, mas não tenho medo porque sei que ressuscito a seguir. Hoje não é excepção. Ou talvez seja, porque embora já o tenha feito aqui neste preciso lugar várias vezes, hoje sinto-me melhor, consigo sentir-me melhor. Venho-me sem pudores, primeiro com uma vibração suave ajudada pela moto, depois estremecendo ao sabor das contracções que me invadem o corpo, percorrido por pequenos choques eléctricos.

A música termina e é então que eu oiço o som suave e preciso, característico de uma moto. Mas não é uma moto qualquer. Olho para o lado e está assustadoramente perto, paralela à minha – uma Honda VTX 1800 T, 106 cv, motor v-twin, preta, linda, a moto dos meus sonhos! – montado nela está um tipo grande, negro da cabeça aos pés, e também ele geme agarrado ao seu membro proporcional, extraordinariamente negro.

Ainda bem que não tirei o capacete! Mesmo assim, ele consegue ver-me os olhos porque a minha viseira é transparente, e consigo ver os dele porque levantou a viseira. São claros, cristalinos, que contradição curiosa!

Esta visão excita-me tremendamente e volto a enfiar a mão para me sentir a ferver. Com a outra mão disponível, abro o fecho do blusão e revelo-lhe o soutien preto que contrasta com a brancura da pele. Vejo-o aumentar o ritmo. Revelo-lhe os seios e os mamilos rosados entesam-se ainda mais em contacto com o frio matinal, num arrepio pós-orgásmico. Coincidência ou não, estou a ouvir Skunk Anansie baixinho, com os gemidos dele de fundo.

O cavaleiro negro vem-se para cima do depósito da Honda. Está satisfeito, tanto quanto me é dado a perceber pelo olhar e pela expressão corporal. Parece atrapalhado, à procura de qualquer coisa para limpar a moto. Saco de um lenço de papel da mochila e estendo-lho. Não nos chegamos a tocar. Enquanto ele procede à limpeza, eu manobro a moto e zarpo dali. Ele não tarda a seguir-me, e agora? Ele sabe a minha matrícula, eu vejo a dele pelo retrovisor. Quem será ele? Será que valerá a pena conhecê-lo melhor? Será que ele também tem alguém à espera na cama? A minha linda não vai acreditar… Despisto-o ou deixo-o seguir-me? Até onde vai o limite?


Foto: CORBIS editada por mim

9 comentários:

Alguém Comum disse...

Vruuummmmmmmmm !!!
Vruuummmmmmmmm !!!

Em busca do prazer, pela estrada fora...
Que sentimento de liberdade, cabelos acariciados pelo vento... Sol abraçando as faces.....

Vruuummmmmmmmm !!!
Vruuummmmmmmmm !!!

Ant disse...

as saudades da minha... e os braços dela, à volta do meu peito, ligeiramente assutados pela vertigem da velocidade e do vento.
Excitante, sem dúvidas...

carpe vitam! disse...

sentir a deslocação do vento na mão, na face, no corpo todo quando ando na estrada é um dos meus pequenos prazeres. Ou talvez não seja tão pequeno quanto isso...

Anónimo disse...

Aiii e que lugar é esse? é q tb eu tenho uma honda CBR 900 RR azul....

Tb quero saber onde fica esse lugarzinho... ;)

Bj

Anónimo disse...

...aquele bater quase cardíaco da pulsação sonora do escape, e a vibração que me transmite á pelvis mantem-me presente, desperto...
Sento os testículos sobre 1700cc e provo um misto de fascínio, ansiedade, risco e enorme prazer.
Toca-me como nunca nenhuma mulher me tocou, fazendo-me vibrar toda a célula do meu ser.

carpe vitam! disse...

Doce veneno... bela moto, no entanto, prefiro as choppers.
se procurares bem fundo, na tua imaginação, vais encontrar o lugar de certeza.
beijo provocante ;-)

carpe vitam! disse...

inocêncio, já experimentaste uma mulher NA moto? Isso é que deve ser totalmente delirante...

Anónimo disse...

É algo a considerar, sim senhor...
Os dois mundos num só orgasmo...

Vitor disse...

deixo-te aqui uam link lá do meu blog...mas apenas sobre o andar de mota...

http://escolhasmultiplas.blogspot.com/2007_09_01_archive.html

Gostei do vosso blog... e sim é provocador... rsrsrsrs

Abraço/beijo e sei lá mais o quê...