terça-feira, 27 de novembro de 2007

elevate your senses


U2, elevation

Ela diz "Sente-se bem? Calma, o meu namorado é técnico de elevadores e está cá a trabalhar, vou ligar-lhe". E depois de muito procurar na mala, acrescenta "Deixei o telemóvel no carro, carago!" Eu só consegui tirar o telemóvel do casaco e estender-lho, tentando recompor-me. Ela tocou-me na mão e o toque tranquilizou-me. Ligou-lhe e confidenciou-me que veio ter com ele, mas como ele ainda estava a trabalhar, aproveitou para vir ver a vista.
Pouco depois, aparece um rapaz também ele sorridente, pouco mais velho que ela. Assim que o vê, agarra-se ao pescoço dele aos beijos, não me deixando espaço para sair. Fico ali, agora já com um pouco mais de ar, a olhar para os dois apaixonados, a sentir-me a mais. Então ela puxa-o para dentro do elevador, e carrega no botão do rés-do-chão. Continuam aos beijos, e eu nem me mexo, sinto a pulsação acelerar, volto ao meu estado de excitação inicial, tento não fazer barulho sequer a respirar. Ele encosta-a à parede, ela fica ao meu lado, quase a tocar-me. E de repente, olham para mim, sorriem e rodeiam-me. Pensei que estava a alucinar. Toquei-lhes para me certificar que estava mesmo ali, e tudo acontecia muito rápido à medida que o elevador descia, ela chegou-se para mim, e eu paralisei, num misto de apreensão e prazer. Senti o sangue a pulsar nas têmporas, que loucura!
Entretanto o elevador parou. 13º andar – era um homem de meia-idade, desmancha-prazeres. Não sabia se havia de ficar agradecido ou aborrecido, mas ele saiu 3 andares mais abaixo sem me dar tempo para decidir.
Ela olhou-me a escassos centímetros da minha cara, e deu-me um beijo suave nos lábios, conseguiu perceber como estava nervoso e disse baixinho no meu ouvido "não tenhas medo!" num arrepio que senti a percorrer-me o corpo todo. O namorado estava do outro lado, também encostado a mim, olhei para o painel do elevador, faltavam 6 andares para o rés-do-chão. Ele estava demasiado perto de mim, senti falta da minha distância de segurança e as pernas começaram-me a tremer. Ele cheirava bem, um cheiro quente mas leve que transparecia confiança. Nunca senti um homem assim tão perto. Ela deu-me a mão e disse: "adorava ver-vos beijarem-se!" Ele sorriu, somos mais ou menos da mesma altura, ele é um pouco mais magro que eu. Num impulso de loucura, acedi ao pedido dela e beijei-lhe os lábios. Ela abraçou-nos visivelmente excitada, e voltou a beijá-lo, a beijar-me. Dessa vez dançou com a minha língua, numa maciez tenra, rodeada por nós dois. Senti o corpo dela a pressionar o meu, senti o namorado a fazer o mesmo. A boca dele é maior, mais áspera, senti-lhe a barba de dois dias a arranhar-me a pele, mas soube surpreendentemente bem, a aspereza e a maciez dos dois combina num equilíbrio perfeito.
O elevador parou. Sem dizer uma palavra, ela sorriu e levou o indicador aos lábios, piscando-me o olho.
Demorei uns segundos a recompor-me, a sair do elevador. Pouco depois, encontrei a minha namorada, quis fazer-me a surpresa e veio ter comigo. Abraçou-me num sorriso e deu-me o beijo doce e terno do costume, que eu retribui com fervor. Reparou na gravata desalinhada: "Então, a apresentação correu bem? Estás estranho, tiveste algum ataque claustrofóbico ou quê?!" Senti o sangue afluir-me à face. "Está tudo bem, muito pelo contrário, acho que me curei da fobia!"
Quando ela pegou no telemóvel para ver as horas, lembrei-me que a rapariga tinha ficado com o meu e pedi-lho emprestado para lhe ligar…15º andar. Detestava elevadores, mas a empresa com a qual eu colaboro pediu-me para fazer uma proposta para uma cadeia de hotéis de luxo e lá fui eu. Como era pertinho da cidade do meu amor, aproveitei para combinar um encontro.
15 andares não dá mesmo para ir pelas escadas, ainda para mais com duas pastas carregadas de tralha.
Um cubículo de pouco mais de 2 metros quadrados a subir a uma altura de 45 metros, não me inspirava muita confiança, mas aproveitei que não ia ninguém a subir para ter o espaço só para mim é lá fui.

Na volta, ainda pensei em ir pelas escadas agora que estava mais leve, mas como estava ligeiramente atrasado e ansioso para me encontrar com o meu amor, que já devia estar à espera, resolvi descer de elevador, sem ninguém à vista para me acompanhar.
No interior do cubículo, o cartaz publicitário do hotel mostrava uma flor exótica em tons de rosa e um slogan sugestivo "elevate your senses". Comentei com os meus botões que era mesmo disso que estava a precisar…

As portas do elevador estavam a começar a fechar quando reparei nela, e instintivamente voltei a abri-las. Extremamente jovem, com um aspecto muito simpático, uma visão maravilhosa. Trazia umas calças de ganga, um top castanho justo e um sorriso divinal. Ela reparou no elevador e precipitou-se para o seu interior, para perto de mim. "Boa tarde!" exclamou ela, quase a cantar, notei-lhe um ligeiro sotaque nortenho que lhe dava ainda mais encanto. Ficou virada de costas para mim, deixando-me apreciá-las livremente, nuas até onde o top de alças e o cabelo apanhado me deixavam ver, tocando-a com o olhar, contornando a silhueta, sentindo-a respirar, imaginando-a completamente nua, percorrendo as costas pelo centro, as covinhas da bacia, as nádegas…
Fechei os olhos, ela exalava um perfume floral muito leve que deixou completamente rendido. Comecei a sentir o sangue a descer, a falta de espaço dentro das calças. Controla-te, pensei, isso é quase pedofilia… mas qual quê, as minhas cabeças fervilhavam. Sei que pareço mais novo do que o que sou, mas ela tinha mais de 10 anos de diferença de mim.
Isto não demorou mais que dois segundos, o elevador fechou a porta, mas nem se mexeu. Ela voltou a tocar no botão e nada. Tentou abrir a porta e nada. "Oh-oh… respira fundo, contém-te". Comecei nervosamente a carregar nos botões todos e nada. Sentia-me apertado, com falta de ar, a transpirar, "isto não é bom", pensei, enquanto desapertava a gravata.

7 comentários:

Silêncio © disse...

Uma situação contada com requinte nos pormenores.
Beijos provocadores ;)

Pekenina disse...

Elevador com história ;) Que será que a rapariga deve ter dito ao atender?
Beijo*

carpe vitam! disse...

Pekenina, vai passando por cá, talvez ainda fiques a saber... ;-)

beijinho pequenino mas muito bom!

Anónimo disse...

fantástica!

camas e algemas disse...

Adorei! Bjs

JCA disse...

andar de elevador pode ser uma excelente aventura :-)

Pekenina disse...

Podes crer que agora não descolo até saber o fim =P
Retribuído o beijinho*