quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Inquietações do Corpo e da Alma - 2ª Parte

continuação daqui
Já estou atrasada para o trabalho, é hoje que o meu chefe me despede! Abro a porta do escritório e encontro-o lá dentro. “ Bom dia Lara! Apresento-lhe o nosso novo colaborador, Sérgio Andrade. Como o escritório dele ainda está em obras, ele terá que trabalhar nesta sala por uns tempos.”

Não acredito, acabou-se o pouco sossego que me restava! Disfarço o meu descontentamento com uma conversa de circunstância. Depois do meu chefe sair sento-me na minha secretária. Tento trabalhar mas aquela nova presença perturba-me. Dou comigo a observá-lo. Devemos ter aproximadamente a mesma idade. Espero que esse factor ajude a criar um bom ambiente de trabalho porque senão, com a falta de paciência que eu ando, não teremos uma convivência saudável.

Tenho muito trabalho pendente, por isso a manhã passa num ápice. Ao contrário do que esperava, o novo colega não me incomodou muito. Quando saímos para o almoço ele pergunta-me se conheço um restaurante acessível nas redondezas. Digo-lhe que o único que conheço é o que eu costumo ir e que se quiser pode fazer-me companhia. Ele aceita o convite.

O restaurante está mais calmo do que é costume. Foi fácil arranjar uma mesa ao pé da janela. Sentámo-nos frente a frente. Reparo nos seus olhos cor de azeitona, na delicadeza das suas feições e gestos. Uma presença realmente agradável!

Decorrida a hora de almoço voltámos ao escritório. Ele tem algumas dúvidas relativamente ao nosso programa informático. Debruço-me sobre a sua secretária para o ajudar e sinto a envolvência do seu cheiro. Hugo Boss - Baldessarini…este perfume deixa qualquer mulher maluca! Por um instante sinto vontade de lhe morder o pescoço. Vem-me à cabeça que o Carlos não haveria de achar graça nenhuma a estes impulsos.


Saio para fumar um cigarro na varanda. Divago nos meus pensamentos e sou invadida pela melancolia. Questiono-me sobre as minhas escolhas, o meu percurso. Tento, em vão, perceber o que quero afinal da vida…!
continuação aqui

10 comentários:

Anónimo disse...

Haverá sempre tentações pelo caminho,
Haverá sempre pedras...guarda-as, talvez um dia construas um castelo.
(Dizia F. Pessoa)

Cereja disse...

São estes "impulsos" que dão fascínio á vida.
Não nos podem é martirizar. Depois cada um faz deles aquilo que bem entender.

carpe vitam! disse...

será tentação, será outra opção, será adição?...

A Setôra disse...

A questão reside precisamente no que fazer quando somos assaltados pelos impulsos. Ceder pode ter um preço. Não ceder será a perda do momento, de algo q nunca saberemos o que poderia ser. Eterna dúvida... ou não!?

carpe vitam! disse...

parece-me que falar sobre o assunto ajuda, principalmente com as partes envolvidas. nada como a sinceridade, principalmente com nós próprios, principalmente quando há muito a perder.

Borboleta Endiabrada disse...

antes de mais obrigado pelos parabens!!

Em relaçao ao que queres da vida, ela dirá...;) por agora vai vivendo!!

beijinhos endiabrados

Camareira disse...

Estas são umas deliciosas tentações. Podem até nem passar disso, mas fazem um bem danado...

Beijos Ardentes

Neptu'nus disse...

voces agarram-se a preconceitos e prendem-se. Já vos disse que mulher que se prese deve ter no minimo sete gajos (se possivel a mim todos os dias da semana, já dá sete)...mas pronto vá lá anotei o perfume,

A Setôra disse...

Caro Neptu'nus,não sou mulher de preconceitos! Este conto pode ou não traduzir o que penso. As ideias que quero discutir são muito mais amplas que a questão da fidelidade.Isto ainda é só o início...

Zebra disse...

Quimera
Acho que o que sentiste é perfeitamente natural.
Nem tu te podias ter impedido de o sentir.
Agora é verdade que sensações e razão às vezes nos dividem, nos perturbam.
Mas penso que tu própria vais encontrando os significados de todos esses momentos.
Beijinho