quarta-feira, 9 de julho de 2008

doce tortura - parte 4

continuação daqui

Ela levanta-se, e com toda a calma faz as calças e as cuecas deslizarem para baixo dos joelhos. Senta-se no rebordo da cadeira e abre as pernas.
Ele levanta-se e debruça-se sobre a secretária. Parece um miúdo a observar o sexo oposto pela primeira vez. Mas a verdade é que tem uma visão magnífica à sua frente. Já tinha visto muitas fotos de vulvas depiladas, mas aquela estava ali, ao pé dele, a respirar o mesmo ar. Sorria para ele, com os grandes lábios inchados, mostrando o interior cor-de-rosa húmido, como uma flor orvalhada que se adivinhava quente e aconchegante.
Depois vira-se de costas, põe um joelho na cadeira e revela as nádegas. Inclina-se um pouco sobre a cadeira mostrando outra perspectiva do seu íntimo.
Ele engole em seco. O seu pénis papita por debaixo da roupa. Se aquela secretária não estivesse no caminho, teria resistido à tentação de lhe tocar? O sexo estava tão teso que lhe doía.
Ela puxa as calças num impulso. O olhar dele queima. Ela sente dificuldade em respirar, sente que foi longe demais.
O telefone toca e alivia a tensão que se acumulou na sala. Ele aproveita para sair dali com um "volto já". Vai direito à casa de banho, aliviar com urgência a tesão provocada por aquele vislumbre. Já tinha visto e tocado e saboreado a sua mulher assim. Mas o inusitado da situação deixou-o completamente louco.
Ela caiu em si e não sabia se havia de rir ou chorar. O que é que lhe teria passado pela cabeça? Tinha de lhe pedir desculpas.
Passado algum tempo, ele volta à sala. Ela desmancha-se em desculpas, que foi uma enorme falta de profissionalismo, que não sabe o que lhe deu, que vai pedir a uma colega que a substitua na consulta. Ele permaneceu calado a ouvi-la. Quando ela ia pegar no telefone para chamar a colega, ele não deixou.
- Não é necessário. Eu confio no seu trabalho. Vou ter de ir agora, mas depois telefono a marcar, ok?
Ela assentiu. Realmente não se estava a sentir com coragem para lhe tocar. Mesmo assim, ele voltou a dar-lhe dois beijos, um pouco mais demorados que da última vez.
Durante algum tempo, ele não conseguiu tirar aquela cena da cabeça. Fechava os olhos e ela aparecia. Decidiu que tinha de se disciplinar, ocupar a cabeça com algo mais produtivo e embrenhou-se nos manuais técnicos que tinha de supervisionar.
Ela não era tão disciplinada, e demorou muito mais tempo a conseguir concentrar-se no trabalho. À noite, quando chegou a casa, devorou literalmente o companheiro, com uma fome insaciável. Até acalmar. Andou pensativa uns dias, até decidir contar ao parceiro o que se passou. Ele mostra-se indignado no início, depois ri-se.
- Isso parece coisa de putos!
Ela fica envergonhada, mas confessa que o cliente lhe deu imenso tesão, que ela se encarregou de descarregar nele e pede-lhe desculpa. Ele fica com vontade de o conhecer.
- Não queres convidá-lo para vir cá a casa um dia destes? – A pergunta deixa-a espantada.
- Não, claro que não. Ele não aceitaria, não depois do que se passou. Além disso, ele é casado.
- Então, convida também a mulher. Ele sabe que és comprometida? – Ela continua surpresa com a atitude do companheiro. Por um lado, quer manter uma relação estritamente profissional com o cliente, por outro, sabe que já ultrapassou essa fase.
- Não, não o vou convidar. Confesso que tenho alguma vontade de o fazer, mas não me parece que ele o queira.
- Aposto que viria se eu não existisse.
- Eu não teria tanta certeza assim.
Nada melhor para combater divergências do que dialogar com o corpo todo. Estes dois dedicam uma boa parte do tempo que estão juntos a fazê-lo. E conseguem sempre chegar a um consenso…
Já Alberto é muito mais reservado. Nada do que se passou na clínica é discutido com alguém, muito menos com a sua esposa. Se ela fizesse ideia do que se tinha passado, sabe-se lá o que faria. Os dois entendem-se bem a todos os níveis, têm uma excelente relação, não será qualquer vulva que abalará isso.
O tempo vai passando e Alberto embrenha-se cada vez mais no trabalho, nuns quantos projectos pessoais, na família e deixa de aparecer na clínica. Sente algum carinho e simpatia pela rapariga e quer ao máximo evitar confusões. Carla bem que gostava de falar com ele, mas começa a mentalizar-se que é melhor assim, sabe-se lá o que é que poderia acontecer da próxima vez que estivesse com ele. Agora sorri quando se lembra do que se passou e suspira. Vai custar a passar aquele entusiasmo, aquela saudade, mas é mesmo assim. A vida continua…

foto: androcur

16 comentários:

Otário Tevez disse...

adorei!

ainda mais a expressão "não é qualquer vulva que iria abalar isso"

simplesmente fantástico...

carpe vitam! disse...

não será, Futuro do Presente do Indicativo, não será, otário? Acontece que a vulva da Carla não é qualquer vulva...

Otário Tevez disse...

ah, ok... peço perdão. não era minha intenção desrespeitar a vulva da carla!

carpe vitam! disse...

oh, mas não o fizeste, apenas desrespeitaste a citação!

Anónimo disse...

Com uma descrição tão pormenorizada, só podemos dizer-te, sentimos.

Bjos Gulosos

Anónimo disse...

Carpe
Como sempre parabens. Seu conto � fant�stico, como al�s tudo que produz
Este � o perfeito exemplo do Tes�o Reprimido.
Bjs
Julio135

carpe vitam! disse...

Gulosos, sentir prazer é para isso que aqui estamos!

carpe vitam! disse...

Gracias Julio, és um amor :-)

Tesão reprimido? Acho que eles até libertam bem o tesão. Não tem de ser um com o outro, pois não?

Anónimo disse...

Consegues ser tão realista que até eu, fiquei com saudades do Alberto !Snif...!
Bjs saudosos
Miriam

carpe vitam! disse...

O Alberto é um castiço, não é Miriam? Talvez ele volte, nunca se sabe...

Anónimo disse...

Os Albertos desta vida...

Unknown disse...

A pseudo-contenção ou pseudo-resistência À tentação.
Um brinde a todas as maçãs que não se comeram! Hehe

Beijo*

carpe vitam! disse...

Brindar às maçãs, pekenina? Que andaste a beber? Brinda também às bananas! ;-)

Blue Butterfly disse...

Gostei muito Carpe !!

É, a vida continua.....mas nunca se vai esquecer e a saudade vai sempre bater á porta .


Beijos

carpe vitam! disse...

é verdade borboleta, por isso é que esta história não ficou por aqui :)

Girassol disse...

Affff... final de deixar a malta com vontade de pedir licença e ir à casa de banho aliviar tensão.