quarta-feira, 4 de março de 2009

TEMET NOSCE: esta coisa de conhecer pessoas na net - parte 3

continuação daqui

É claro que eu e o meu amor já nos tínhamos contorcido os dois no cinema a ver a Angelina Jolie, mas isso é normal, não? Quem é que não a acha tesuda a manejar armas? Quem é que não a deseja? Mas isto é diferente. Não é simples desejo. É paixão. E aqui as coisas começam a complicar-se.

Acordo a meio da noite com um tesão absurdo e vejo o meu amor a dormir pacificamente. O cheiro quente de macho inconsciente penetra-me no cérebro e faz-me ferver o sangue. Começo a chupá-lo lentamente, a entesá-lo. Ele geme, protesta ao princípio, mas depois deixa-me acalmar um pouco o desejo, fazer dele o bombeiro de serviço. Mas eu quero mais, quero-a a ela também. Apetece-me espetá-la com força, entrar dentro dela bem fundo, fazê-la estremecer de prazer. A única forma que tenho para o fazer é através das palavras escritas e empenho-me para o conseguir.

Não é a primeira vez que isto me acontece e não será com certeza a última, se bem que é sempre diferente. É a minha natureza curiosa que me move. Sei que a curiosidade matou o gato, mas tal como o gato, eu acho que também tenho nove vidas. E ainda vou só na primeira…

Ganho coragem e pergunto se ela nos quer conhecer pessoalmente. Sim, porque eu seria incapaz de ir ter com ela sem o meu amor. Estou consciente do risco que isso implica. Sei que pode ser uma desilusão, que pode não existir química entre nós fisicamente, embora me pareça difícil isso acontecer. Por outro lado, ela pode também superar as minhas expectativas, embora eu ache difícil bater o optimismo da minha imaginação, o que seria ainda mais complicado de gerir.
Mas ela corta-me as asas num mail com três parágrafos (demasiado texto para o estilo dela) explicando-me os motivos pelos quais recusa o convite. Eu compreendo e respeito a decisão dela, mas não desisto da ideia.

Digo-lhe que gostava de conhecer a namorada dela. Que deve ser lindíssima e muito especial porque é a pessoa que ela escolheu. Gostava de lhe dar prazer também.
Penso em nós os quatro, no interessante que poderia ser, mas ela corta-me mais uma vez as asas da minha imaginação. Percebo que elas são uma da outra, sem lugar para mais ninguém. Para ela, aquilo que existe entre nós é qualquer coisa que roça o proibido, um segredo só dela que não partilha com mais ninguém. Eu só tenho de respeitar isso. Mas não me sinto bem se não falar do que se passa com o meu amor. Ele é ciumento, mas consegue dominar o ciúme e compreender-me. Também tem os seus escapes de vez em quando, os dele mais físicos, os meus mais mentais.

Elas são uma. Uma família. Pensam em ter filhos um dia. Eu também penso nisso, mas sei que vai ser difícil, e não é por isso que não deixo de ser familiar do meu amor.

Às vezes penso, se a mulher dela tivesse conversas das nossas com outra mulher, ou melhor ainda, com um homem, como é que ela iria reagir? Tenho de lhe perguntar isso, mas tenho impressão de que não iria achar piada. Tal como o meu amor não aprecia muito estes meus devaneios, mas tolera. Eu também gostava que ele pudesse passar sem os dele, mas compreendo a necessidade de novidade. Preocupa-me porque eu acho que ele se expõe muito. Mas sei que ele se protege e minimiza os riscos e isso tranquiliza-me. (Ele acha que eu não dou por isso, mas sei perfeitamente quando ele esteve com outra pessoa. Mas prefere pensar que eu não me apercebo, apesar de eu já lhe ter dito que não me importo. Já sugeri um trio, mas ele não me levou a sério.)

Estou sempre a chamá-lo de “meu” amor, mas eu sei que na verdade, ele não é meu. Peço-o por vezes emprestado a ele próprio, por vezes tenho-o de facto, possuo-o, tal como eu sou dele e me deixo possuir por ele. Tenho de o deixar ser dele, porque só assim tenho a certeza de que está comigo porque quer, porque só se pode escolher em liberdade. Mas ele completa-me, somos o encaixe perfeito e custar-me-ia muito viver sem ele.

ilustração: cão sarnento
continua e termina aqui

8 comentários:

Tana disse...

3 posts...3 pessoas...3 tipos de amor


Adorei*

... disse...

Então tenho de vir amanhã não é?
Ah já esquecia o gato tem 7 vidas não 9, não te esqueças quando chegar a 6ª abranda.

carpe vitam! disse...

Tana, tenho esta ideia de que existem tantos tipos de amor quantas pessoas que amam e pessoas amadas. Pelo menos quando amo, nunca é da mesma forma com pessoas diferentes.

carpe vitam! disse...

Felina, eu tinha essa dúvida e quando estava a escrever, decidi pesquisar e encontrei as duas possibilidades. Achei mais piada a ideia das 9, sempre são mais 2! ;)

One disse...

"Tenho de o deixar ser dele, porque só assim tenho a certeza de que está comigo porque quer, porque só se pode escolher em liberdade. Mas ele completa-me, somos o encaixe perfeito e custar-me-ia muito viver sem ele." No fundo a essência reside aqui... Mal posso esperar pelo fim. Aguardo :)

Leonor Varela disse...

peço desculpa já remediei a situação não tinha conhecimento, podes tirar a vontade também do meu
um beijo
Princesa

Blue Butterfly disse...

O fim está muito bom , dizes uma grande verdade " ... Tenho de o deixar ser dele, porque só assim tenho a certeza de que está comigo porque quer, porque só se pode escolher em liberdade..."

Concordo e muito ,mas nem sempre é fácil...

carpe vitam! disse...

borboletinha azul, tal como disse no início, não é um fim...

Não é fácil, claro que não, mas desde quando é que o que é fácil dá pica?