quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

arrepia-me IV: o Norte e a Neve no Litoral

O Norte é um velho amigo, por isso não tem de avisar quando vem, fico sempre contente com a visita, mesmo que seja rápida e intempestiva. 
O Norte é livre e traz com ele quem quer. Seja Tempestade ou Brisa, é sempre bem recebida, sempre compreendida. 
O Norte já trouxe a Neve, uma ou outra vez. E das raras vezes que o fez, é sempre um espectáculo muito bom de se sentir. 

O Mar é muito quente para a Neve, mas por vezes o Norte leva-a à beira-rio, pertinho da foz… 

É assim, um entusiasmo, um arrepio, uma delícia doce, uma saudade eternizada numa melodia intemporal: 


Luís Represas, Neva sobre a marginal
Letra aqui

sábado, 25 de fevereiro de 2012

man on man: fornecedor e cliente

2 men wrestling by PIB
sou só eu ou a diferença entre lutar e foder pode ser bastante ténue?

Tenho um fornecedor de longa data com o qual tenho vindo a estreitar relações comerciais por uma questão estratégica. Ele não é o cúmulo da competência, é um pouco trapalhão desorganizado, baldas e tangas, o que já me causou bastante stress por não cumprir prazos e perder negócios por falta de resposta atempada. Mas o trabalho dele tem bastante qualidade e bom preço, e é por isso que mantemos a relação, apesar de ainda termos muitas arestas a limar. Ele às vezes tira-me do sério, vem-me com muita lata e desculpas esfarrapadas e eu começo a mandar vir e ele está sempre na boa, a minimizar conflitos. Um dia destes, numa das nossas conversas, reparei o quanto ele é fisicamente interessante e não consegui evitar que a minha imaginação me levasse até um filme bdsm. Ele é grande e robusto, acabadinho de chegar ao clube dos quarenta, um olhar intenso, penetrante, umas mãos enormes, proporcionais ao corpo. Tem um arzinho sexy que eu creio que o salva em muitas situações. Imaginei-me a castigá-lo por ser tão insubordinado, com chibata de couro, a montá-lo e a chamar-lhe “you naughty, naughty boy!”, enquanto o fazia relinchar a cada chibatada… ai…

Tenho um cliente bastante interessante, com quem mantenho uma relação profissional muito produtiva. Muito elegante, educado, simpático, um esbanjador de charme. Tem uma voz… grave, quente, suave e aveludada… uma excelente voz para um anúncio a chocolate quente, daquele cremoso, ou um bom locutor de rádio, daqueles programas pela noite dentro. Mesmo ao telefone às vezes consegue arrepiar-me. Encantador, cuidado, uns olhos claros magnéticos, sempre a prender os meus, uma pele suave, impecavelmente barbeada. É daquelas pessoas sem idade definida, não é novo, nem velho. Acho-lhe piada porque vejo-o algumas vezes atrapalhado com algumas situações, mas tem humildade suficiente para assumir o que não domina e pede ajuda. Enfim, um exemplo de cliente para quem é um prazer trabalhar. Claro que também faço os meus filmes e sonho com ele, uma cena bem suave, um roçar de corpos eletrizante, uma dança exploratória… ai…

Uma vez estávamos numa reunião os três e mais uma vez, voltei aos meus filmes. Desta vez eu estava fora de cena e deixei os dois num palco de luxúria, enquanto assistia de camarote e binóculos.

Um é casadíssimo e pai de filhos, o outro tem filhos e é divorciadíssimo, mas tem namorada. Mais hetero é difícil, se bem que já apanhei alguns comentários que me surpreenderam de ambas as partes, ou então sou só eu a desejar.

O atrapalhado e o trapalhão, mas que bela combinação! Vou-me entretendo comigo até que me convidem para o palco, onde ficamos juntinhos, numa bela sanduíche em que sou o recheio e depois alternamos.

Mas os meus filmes servem apenas para tornar o mundo real mais colorido. Mantenho sempre a minha máscara profissional, sorridente e cordial, aparentemente imperturbável e absolutamente eficaz. Trabalho é trabalho, fantasias são... isso mesmo :)

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

diálogos (im)prováveis XVIII

Shameless, série 7, episódio 5

Why the fuck did you tell Carl?!
Because he loves her.
No, no, he doesn't! He just thinks he does!
He proposed to her!

What?
And he was gonna ask you to be the best man. You!
Oh, no, this can't be happening!
Just explain to him that it was all an accident.
How can I explain it to him when I don't even understand it myself?
Well, the damage is done.
So you better put a stop to the whole thing. It's for the best.
No.
But you can't like her. She doesn't... she doesn't even have a cock.
Maybe I just like people.
People with cocks.
Well, maybe I am confused and maybe me and Maxine are just mates... or maybe it's more than that.
How can it be?!
I don't know! I don't have all the fucking answers!
I just know... that when I'm with her, I'm not thinking man or woman... it's just... Maxine.
Maybe sexuality isn't one thing or another maybe it's something that's just shifting and moving. 
Fuck you!
What?! What? 
Fuck...you! I looked up to you. I thought you meant something. Because until I met you... I was a freak. I was disgusted with myself. But you showed me that I didn't have to be. You're a fucking traitor. 
It wasn't... It wasn't personal. I didn't mean to. 
But you did. And I loved you. And not in a "want to shag you all over the place" way. But just love! Just proper fucking love! But now I see you for what you are. A cunt.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

driving you slowly: o prazer de conduzir

Há algum tempo atrás perguntaram-me se gosto de conduzir. A pergunta pareceu-me um bocado disparatada, como se me perguntassem se eu gosto de andar. Porque de facto, é isso que sinto, como se o meu carro fosse um prolongamento do meu corpo que me faz andar mais depressa, deslizar nas artérias de asfalto ou rasgar devagar pequenas v(e)ias de terra batida. Por isso a resposta é depende. Há alturas em que não me apetece andar, não gosto de filas de trânsito, nem de não encontrar lugar para estacionar. Quem gosta? Mas aprecio a liberdade que me dá para poder ir aonde me apetece, sem depender de ninguém. Tal como aprecio uma boa caminhada, conduzir permite-me viajar e conhecer os sítios que quero, dentro do meu orçamento para combustível, claro.

Mas nem sempre foi assim, foi uma conquista gradual. Ninguém nasce a saber conduzir, embora algumas pessoas tenham mais aptidão que outras. Lembro-me de quando o meu pai teve a ideia peregrina de me fazer conduzir o carro da família, na véspera da minha primeira aula de condução. Era um Ford com teto de abrir, muito confortável, 1300 cc, que eu conduzia pela bordinha da estrada, muito devagarinho, com muito medinho… até que ele me pediu para parar numa pequena subida e eu nunca mais consegui sair dali. Condutor exímio que era e fazia disso a sua profissão, perdeu a paciência e trocámos de lugar enquanto ele me explicava o ponto de embraiagem e fê-lo também numa descida, instantaneamente. Achei que jamais conseguiria fazê-lo, que se há pessoas que têm talento nato para a coisa, eu definitivamente não era uma delas, aquilo era muito difícil, era preciso muita técnica, equilibrar a aceleração e a embraiagem requeria mestria.
Não dormi muito bem nessa noite, mas escusado será dizer que a aula me pareceu incrivelmente fácil e apesar de não ser nenhum piloto profissional, não tive grande dificuldade em passar à primeira no exame de condução, embora na altura nada fosse intuitivo e tivesse de estar sempre a lembrar-me de pôr a 1ª quando parava e fazer muitas azelhices típicas de maçarico do volante.

Mas practice makes perfect, e nada como conduzir mais para conduzir melhor. Depois de alguns anos de treino, uma perfeita simbiose aconteceu e máquina e eu passaram a ser um só, o tal prolongamento do corpo, com o qual me posso expressar e deslocar. Claro que isto não acontece com todos os carros, apenas com os que conduzo habitualmente, já sei instintivamente o espaço que necessito para virar, para fazer qualquer manobra, sei a quantidade de aceleração necessária para equilibrar o ponto de embraiagem instantaneamente e onde estão todos os botões necessários. Ligo o piloto automático e por vezes vou parar aos sítios sem me lembrar muito bem como, embrenho-me de tal forma em outros pensamentos e deixo o meu corpo, a minha memória, fazer o resto automaticamente.

Sem dúvida que as máquinas mais caras que eu já manobrei são carros. E durante uns tempos, tive oportunidade de manobrar bastantes, de todos os tamanhos e feitios, e perceber que cada um é diferente, com um temperamento próprio, não me consigo entender com todos à primeira. Mas com algum diálogo, alguma prática, todos são conduzíveis. Um carro pode também ser uma arma letal. Felizmente, nunca tive nenhum acidente aparatoso, apenas alguns sustos, uns provocados por mim, outros tantos provocados por outros condutores. Tenho muitas vezes consciência de que se me despistasse à velocidade que vou, não apanharia apenas um susto. Mas conduzir na estrada é um acto de fé, com riscos minimizados se obedecidas as regras elementares de segurança. O cinto é automático, já me livrou de várias mazelas, nem me sinto confortável se não o puser, parece que falta qualquer coisa.

To drive or to be driven? Dá sempre vontade de agarrar o volante? Quem não gosta(ria) de ser levado ao colo de vez em quando? Quem não gosta de dormir no lugar do pendura quando confia em quem conduz? Caríssimos condutores, companheiros de estrada, dada a escolha, que preferem?


Música: Are you gonna go my way?, Lenny Kravitz
Foto: Corbis

post relacionado: moto | 360º 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Pelos tomates! - uma questão de bolas


Bolas, tintins, tomates, ovos, bagos, pendurezas, colhões, gónadas: venho falar de testículos, pois então, prestar-lhes a devida homenagem, já que são tão mal amados e incompreendidos. Eles maldizem o seu ponto fraco, elas (e eles também) menosprezam as suas potencialidades eróticas. Muito gostaria eu de saber o que tanto co(bi)çariam se não existissem…

Desempenham um papel vital na reprodução - afinal de contas, são o delicado vaso das sementes da vida, produzem a própria terra que as sustenta e transporta até à estufa! - isto tem qualquer coisa de poético, não? E o facto de serem a parte mais vulnerável do corpo masculino também acrescenta alguns pontos na minha consideração.
Curiosamente, a delicada membrana protectora dos testículos tem o irónico nome de túnica vaginal, e para além de produzirem esperma e testosterona, os tomates também são responsáveis pela produção de hormonas femininas. Existe todo um complexo e sofisticado sistema de climatização que os mantém sempre a cerca de 1º abaixo da temperatura do corpo, que os faz subir ou descer consoante a temperatura ambiente. Também recolhem perante o perigo e momentos antes do clímax - gosto particularmente quando estão juntinho ao corpo e a pele fica toda encolhida, qual casca de noz, cheia de pregas que os deixam muito apertadinhos:

Miolos, Imperator

Por outro lado, quando a pele distende, são um óptimo anti-stress para rolar entre os dedos, beliscar, beijar, morder, chupar… o prazer que é lamber e ser lambido!

Podem não ser esteticamente tão mainstream como as mamas, mas sem dúvida que têm a sua beleza, não penso que seja impossível fazer um arrojado e eficaz cartaz de alerta para o cancro testicular exibindo um belo par com muito charme e dignidade, carinhosamente protegido por uma mão firme e sensual - tudo depende da perspectiva e do quão bem depilados estão. Sim, porque a pilosidade poderá estragar a estética da coisa (ou não) mas o que é certo é que ninguém gosta de chupar e lamber pêlos. Bem sei que não é tarefa fácil depilar uma parte tão delicada da anatomia masculina, mas os lábios vaginais também não são pêra doce e as mulheres fazem-no. Mariquices à parte, seja com lâmina, creme depilatório ou cera, pode ser uma experiência inolvidável se for partilhada com alguém em quem se confia, tipo tu fazes o meu, eu faço o teu. Vale?

Ter tomates é sinónimo de masculinidade e coragem, mas pode ser usado para descrever uma mulher sem ofensa. Tê-los no sítio significa ter carácter, princípios, lealdade. Mas a minha preferida é mesmo agarrá-lo pelos tomates, que me vou escusar a explicar, prefiro deixar a foto falar:


Talvez não sejam as expressões mais política e cientificamente correctas, mas demonstram a importância e relevância do papel desempenhado por estes penduricalhos, amigos inseparáveis do venerável membro, preciosos brincos do caralho que eu tanto aprecio!

Gracias pelo mote, Hel ;)