quarta-feira, 24 de abril de 2013

Swingin' (in the rain) parte 22

continuação daqui | início

O Carnaval estava a chegar e decidimos fazer mais uma incursão ao nosso clube preferido. O dress code era máscara, com lingerie ou underwear, pelo que nos decidimos por disfarces mínimos. Preto e prata foram as cores que escolhemos. O Yang de preto, com uma mascarilha desenhada em redor dos olhos, a Yin com uma cabeleira prateada e uma saia da mesma cor feita com uns pompons de líder de claque e uma echarpe nos mesmos tons. Tinha uma lingerie preta transparente, com lantejoulas pretas e prateadas em sítios estratégicos. Tinha também um bigodinho feito de pêlos púbicos que era a nossa private joke. Andou meses a deixar crescer os pêlos para poder cofiá-los e a ideia era que ficassem enrolados nas pontas, mas os pêlos são rebeldes e nem com gel foram na conversa dela. De qualquer das formas, por baixo das lantejoulas, não se via grande coisa, apesar da semi-transparência da tanga, ainda mais com a saia das tirinhas prateadas por cima. Ela ainda tentou que o Yang levasse algumas tirinhas prateadas a simular pêlos púbicos, mas ele recusou-se terminantemente, o mais que conseguiu foi pintar-lhe as unhas de preto. Já tinha conseguido pintar-lhe as unhas de uma mão de rosa choque num outro carnaval em que se mascarou de matrafona, pelo que foi um progresso considerável. conseguiu também vaporizá-lo com os mesmos brilhantes prateados dela que faziam um efeito bastante glamouroso contra o preto da roupa e da lingerie, incluindo os sapatos e as meias pretas com liga prateada da Yin.
Rumaram ao clube já aperaltados e sabiam que os Embaixadores lá estariam. A Yin pensou em levar o pingalim, mas acabou por levar a chibata, condizia melhor com a sua indumentária e estava preparada para voltar a disciplinar o Guardião se ele voltasse com aquela conversa dos beijos. É preciso dizer que da última vez que lá estivemos, quando nos fomos despedir, ele e a Yin trocaram um xoxo ligeiramente humedecido e ainda gabaram as nádegas firmes um do outro. Soube bem à Yin, nem tanto ao Yang, ainda a remoer o facto de ele não querer ir lá a casa.
Pelo que pudemos apurar, o xoxo tem um estatuto especial nos clubes. É relativamente comum as mulheres cumprimentarem com um xoxo tanto homens como mulheres. Homens com homens nunca vimos e estamos convictos que a maior parte acharia isso uma grande paneleirice. A Yin gostava de ver isso, mas acreditamos que teria infinitamente mais sorte num clube gay.
Desta vez o Yang foi presenteado com um xoxo pela Dona do Pedaço. Ela é muito simpática, estivemos um pouco à conversa no início da noite e gostámos bastante, para além de ter um belíssimo corpo, tem coisas na cabeça. Falámos um pouco sobre a perspectiva deles, de como separam o trabalho do prazer, apesar de também serem swingers e ela também é da opinião de que seria interessante fazer um estudo sociológico sobre o swing. Claro que existem artigos, papers e teses, mas sempre numa perspetiva académica de quem está de fora, muito tradicional e conservadora, por vezes até moralista e revoltante. Se o swing é o que dizem ser, então definitivamente nós não somos praticantes. Ainda vamos formar uma nova religião: protestantismo swinger... A verdade é que não nos identificamos com a maior parte do que dizem os casais citados nestes estudos. O que vale é que vamos encontrando pessoas com pontos de vista semelhantes e mesmo que não sejam, é sempre bom trocar ideias e cromos.
A noite estava animada, apesar do frio e chuva que se faziam sentir lá fora, lá dentro estava-se bastante bem. Os Embaixadores apresentaram-nos um trio de dois homens e uma mulher com quem já nos tínhamos cruzado da outra vez, mas já não nos lembrávamos. A Musa referiu que era ela que estava a disputar a coluna de som com a “Adele” na noite da passagem de ano. A Yin lembrou-se de lhe fazer uma pergunta para a qual não esperava resposta ou sequer que ela ouvisse "cê téim samba no pé, né?". Claro, a moça tem "àqueli sótaquizinhu açucárádo” o samba está-lhe no sangue. Estranhas playlists se ouvem naquela casa, na passagem de ano fizemos uma viagem aos anos 90 que incluiu do melhor e do pior que se ouvia nesses tempos, incluindo samba. Na noite do carnaval a música estava mais atual, surpreendeu-nos a falta de samba, mas também não sentimos grande falta. Aliás, aquilo nem parecia carnaval, sem serpentinas e línguas da sogra, muito poucas máscaras e cabeleiras, nenhuma matrafona...
Mais tarde foi-nos também apresentado um casal muito simpático que não cumpriu o dress code no que diz respeito à lingerie, mas que vinha muito bem trajado de figuras... eclesiásticas. Cada um com seu livrinho doutrinal, o que nos rimos com as imagens de corpos desnudos - ela com meninos e ele com meninas, ahah! ou não viessem eles de uma terra com fortes tradições carnavalescas, tal como nós. Gerou-se ali uma empatia imediata e quando toda a gente seguiu para a pista, nós ficámos os quatro um bom tempo confortavelmente a conversar ao calor da lareira. De vez em quando um dos homens do trio da "minina com sótaquizinho" vinha ter connosco para se aquecer. Não percebemos bem a onda dele, de cuecas e meias brancas e um penso a condizer no joelho, explicou que tinha caído a jogar futebol. Apesar de já não ser um puto, tinha um corpo cuidado. Mas como raio não aquecia ele a dançar com uma mulher daquelas e o amigo? Falou da perspetiva dele sobre o swing, que ele e a mulher tinham uma relação aberta, e durante todo o tempo, pensámos que o 
casal "oficial" era com o outro homem, mas depois disseram-nos que não. Foi bem divertido ver os três na pista, as meias brancas dele a brilhar com a luz ultravioleta enquanto dançava e se tentava enquadrar com os outros dois. Curioso ser o segundo trio HomemMulherHomem com que nos deparámos quando aqui vimos em noites que supostamente são apenas para casais. Nada contra, já dissemos noutras alturas que gostamos da biodiversidade. Curiosamente não temos ideia de alguma vez nos termos alguma vez cruzado com nenhum trio MulherHomemMulher...


continua aqui

2 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Isto ainda vai dar um livro...

carpe vitam! disse...

livro não direi, afinal cada parte é cerca de uma página. talvez um belo conto... ;)