"Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa."
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
25 comentários:
mas depois existe a compaixão e existe também o enorme prazer de dar sem ideia de receber e depois existe a consciência de que o amor está muito para além de nós mesmos e de que nem nós mesmos sequer existimos como pensamos e desejamos existir.
mas depois existe a impermanência e a consciência que nada é constante e que é nessa constante mudança que reside o presente.
Gosto muito de Pessoa e do Bernardo Soares então gosto demais, mas não concordo com tudo o que ele escreveu, já senti assim e até já pensei assim, hoje já não vivo as coisas dessa forma. a nossa "identidade" bem como a mesma do outro é o que menos importa quando dois seres humanos se encontram e amam.
nesse "enorme prazer de dar sem ideia de receber" não está subjacente a ideia de que em última instância somos sempre nós que temos prazer e é por isso que o fazemos? Não será uma forma altruista de egoismo?
Amar a ideia de que temos do outro não será uma reminescência daquilo que sentimos ser o outro? a evidência de que somos um só?
Não sei que diga, fiquei baralhada...lol.
Beijo fantasma.
é a evidência de que somos um só.
é isso mesmo, e por tanto não existem cá essas merdas de egoismo ou altruismo. somos um só.
Posso ser sincera !!?
Tambem fiquei baralhada!!
beijinho
lalisca, aqui podes sempre ser sincera à vontade. e já agora, diz o que é que te baralhou.
Amamos a ideia que fazemos na nossa cabecinha...sim... e não a realidade... isto em regra...
Digo eu!
:)
Somos sempre nós, ou não reconheceria-mos o Outro. No amor, estado puro in-defenível; na paixão sexual, na volúpia ou na mente que produz a ideia. A Alma, outro orgão sem localização certa, anda entre os vários estados, ora revitalizando a pele, ora regenerando a libido, ora animando o todo, e mais tantas outras coisas que só ela consegue fazer. Mais frequentemente, projectamos no outro o que queremos que ele nos devolva. Quando isso não acontece, os corações partem-se e doi.
Mas garanto-vos que é possível que a ideia do Outro, coincida com a que idealizamos dele.
Que delírio!!!! são as flores de laranjeira de Sevilla
Claro que amamos alguém que é diferente de nós mesmos! Pelo menos uma vez, todos deviam poder experimentar isso. Porém, acontece que outras vezes somos apenas amados. Mas mesmo não amando e sendo amados, gostamos de dar, seja lá o que for: carinho, ternura, prazer. Há alturas para tudo: para nos satisfazermos com o que nos dão e para satisfazer, dando, seja lá no plano que for, físico, psicológico, emocional ou mental.
Agora, uma coisa é verdade: Ninguém conhece ninguém! Só conhecemos os outros através das lentes do "nosso pequeno mundo".
Mas, como somos boas pessoas, o mundo é belo como nós!!! ah ah ah
ou reconhecemos...
ou reconhecemo-nos ?!
Se vemos o mundo de uma maneira geral através das nossas lentes, como poderiamos amar de outra forma.
Joca
Concordo em absoluto...todos os nossos actos têm como objectivo retirarmos prazer (seja ele qual for) deles, numa tentativa de alcançar o ideal a que chamamos felicidade...e todos os actos estão associados a uma perspectiva individual acerca de cada situação em questão...não amamos de forma gratuita...amamos porque amar nos faz bem (ou não)...mas de qualquer forma é perseguido por um objectivo a nosso favor...mesmo que seja para beneficio e bem estar do outro, em ultima instancia é um prazer "meu"...
beijo com sabor a Rosa Vermelha
A realidade na sua forma genuina é inantingivel, apenas conseguimos encontrar a "nossa realidade", fruto da interpretação que atribuimos aos factos reais...para nós só existe aquilo que nós assumimos como real...se eu não tivesse encontrado este blog, para mim ele não existia...
"A rosa vermelha cheira a branco"
Almada Negreiros
oh cereja..a rosa vermelha cheira a branco? eh pá, essa citação pode levar a confusões, tipoa rosa vermelha anda a snifar coca..digo eu,a brincar.Nunca amamos ninguém?Isso é verdade em toda a escala do amor? que grande e imensa mentira. Amamos delirantemente os nossos filhos, não há amor maior no mundo.
Que tristeza de vida Bernardo Soares..e que desassossego..
beijos de amor
o que é a realidade? é uma constante? é igual para toda a gente?
toda a gente ama "delirantemente" os filhos? toda a gente aceita os filhos como eles são verdadeiramente?
Amor...e o que seria realmente amor, pode ser comparado ao ódio que também poderia ser expressado atraves de amor!!
Abraços
Esdras Eliwan
BLOG PORQUE?
podemos concordar ou discordar. mas é impossível não ficar a pensar. Até rimou e não era minha intenção:)
"ódio que também poderia ser expressado atraves de amor" Esdras, não será o ódio uma espécie de paixão? Não creio que ódio e amor se misturem muito bem, é como o azeite e o vinagre, e nem sequer é por serem opostos. o contrário do amor não é ódio, é a indiferença.
Noivo, falaste, mas acabaste por não dizer o que pensas. não queres partilhar?
Obrigado pela visita, volta sempre! :)
aí não é amor, é ilusão...
talvez tenhas razão, cristine. Gosto particularmente da contradição "nunca amamos ninguém" vs "é a nós mesmos (...) que amamos". Mas se tivermos em conta que quando amamos nos unificamos, então faz sentido dizer que nunca amamos ninguém a não ser nós próprios. Porque não é possível amar alguém sem nos amarmos. ou será?
Nunca amamos ninguém da mesma forma que nunca conhecemos o mundo, mas sim a nossa representação mental dele. A consciência de nós, sempre presente, é o filtro de tudo.
então e esse filtro impede-nos de amar? não poderá ser a nossa forma única de vermos as coisas que nos dota de sensibilidade e discernimento para (re)conhecer e amar?
Não nos permite é verdades absolutas, ou melhor, imparcialidade. Amamos tanto quanto podemos e queremos, de acordo com os nossos defeitos e circunstâncias. Imperfeitamente, portanto. E depois, porque procuramos no outro o equivalente a nós, é também um acto de narcisismo,lol.
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