Já passaram seis meses desde o incidente com o cowboy. Ao contrário do que imaginava, a mentira não me tirou o sono! O Carlos continua convicto que a nossa relação é inabalável. Cada vez mais dedicado ao trabalho, nem percebe a incerteza que sinto em relação a tudo o que me rodeia.
Hoje convidou-me para jantar num restaurante que há já algum tempo tenho curiosidade em conhecer. Chegamos ao restaurante e somos encaminhados para a mesa previamente reservada. A vista sobre a cidade é soberba. Fico em silêncio a contemplar o horizonte até que o empregado chega com dois flutes de champanhe que coloca na mesa.
- Um brinde ao amor!
- Ao amor! – Respondo-lhe automaticamente mas sem qualquer convicção. Pressinto-o misterioso mas ainda não percebi porquê. Talvez tenha finalmente percebido que uma mulher tem que ser conquistada a cada dia que passa!
Já na sobremesa diz-me que tem duas coisas muito importantes para me dizer. Demonstro-lhe a minha curiosidade e ele ganha coragem para mas contar. A primeira, diz ele, é a menos boa. Terá que se ausentar do país por causa dos seus negócios por aproximadamente 3 meses. Ainda penso para mim mesma que nem irei sentir a diferença porque ultimamente mal o vejo mas contenho-me e mais uma vez mostro-me compreensiva.
Entretanto vejo-o meter a mão no bolso e tirar uma pequena caixa preta. E eis que o imprevisível acontece.
- Lara, eu amo-te e quero passar o resto dos meus dias ao teu lado. Queres casar comigo?
Não acredito no que estou a ouvir mas o anel de noivado confirma-me num lampejo essa realidade! Um turbilhão de pensamentos invade-me e deixa um rasto de lágrimas nos meus olhos. Fico sem reacção e apenas lhe peço para sairmos dali. Ele acede ao meu pedido e leva-me para casa dele. Na sua inocência julga que choro de emoção. Sim, é emoção mas não a que deveria sentir perante um pedido em casamento.
Já em casa recosto-me no sofá e ele começa a beijar-me lânguidamente, cheio de ternura. A cada beijo a minha frustração e culpa aumentam até me descontrolar num choro compulsivo. Ele fica perplexo e em vão tenta acalmar-me. Tudo o que me estava preso na garganta solta-se num fôlego só. Num longo relato, sem qualquer coerência, digo-lhe que não sei se o que sinto por ele é amor, que estou farta de tudo e de todos, inclusive de mim.
A surpresa dele não poderia ser maior mas perante a minha desolação limita-se a abraçar-me, dizendo que tudo irá ficar bem. Enquanto imagens funestas assaltam os meus pensamentos, acabo por adormecer no colo dele...
8 comentários:
sempre quero ver o que vai sair daqui...
havendo dúvidas, é melhor não apostar...
Tenho post só para mulheres.
jocas
nossa...
uma baita situação inquietante!!!
de tirar o fôlego de tanta agonia.
bjs da fê*
...principalmente quando essagonia te bate a porta a cada dia que passa.
Já-senti-algo-tão-parecido.....
Coitadinha, depois de lhe mentires e do traires de seres cinica e hipocrita deu te para o arrependimento. És mesmo uma vitima, que pena.
"Anónimo", ao que parece esta história tocou-te mesmo! Indignado por algum motivo em particular?
Não sei se já percebeste mas neste blogue eceitam-se opiniões, não julgamentos. Porque "Quem nunca errou que atire a primeira pedra!"
Os seres humanos falham, não são perfeitos. Diz-me, por algum momento já paraste p pensar no que se passa na cabeça das pessoas enquanto erram,se já pensaste na complexidade de cada acto ou reacção? Ou será q preferes as evidencias pela óbvia facilidade de entendimento?
By the way, this is just a story :)
"quimera", desculpas esfarrapadas de quem prefere a mentira e o cinismo a enfrentar os "erros" á primeira sem os deixar arrastar.
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