terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Ata-me!

Foto: Craig Gum
Texto: Girassol

Tu pousas para as fotografias,  entre risinhos, como se a cruz fosse apenas um brinquedo para fantasiares. Os teus mamilos, espetados contra a malha rendilhada, gritam o quanto queres que essa fantasia se torne realidade.
O peso dos olhos obrigam-te a virar a cabeça. Como uma estátua observa-te do outro lado da sala. Os teus olhos percorrem o corpo dele, prendem-se nas cordas na sua mão. Imaginas o toque áspero a roçar-te na pele. O teu rosto trai-te, o estranho ganha vida e dirige-se para ti, olhas em redor. Não é tarde,  ainda podes escapar.  O teu fotógrafo está distraído e as tuas pernas recusam-se a mexer.
- Olá, como te chamas?  – pergunta o estranho.
- Vera.
- Queres experimentar as minhas cordas Vera?
Directo e incisivo, faz-te o coração disparar, como se tivesses feito uma festa na cabeça de um gato, piscasses os olhos e de repente estivesse um tigre à tua frente.
- O que queres tu fazer com essas cordas? – perguntas.
As palavras secam-te a garganta.
- Onde está a piada em te dizer? Deixa-me mostrar-te.
Tu sorris, o estranho aceita isso como um sim.  Avança para ti. Recuas até bateres com as costas na cruz, junto à parede. Entalada entre o calor dele e a madeira fria.
O rosto dele aproxima-se, os teus lábios abrem-se, mas ele para antes de te beijar.  Olha-te nos olhos e agarra-te no cotovelo. Uma corda começa a enrolar-se, descendo às voltas apertadas pelo teu antebraço. Os lábios dele procuram-te, dançam suaves contra os teus, envolvem-te enquanto as mãos com vida própria trabalham num pulso e depois no outro.
As cordas atadas nos teus braços são mais pesadas do que esperavas, mas ainda estás solta.
- Vira-te. – diz ele. Com as mãos nos teus ombros, começa a rodopiar-te.
Obedeces e giras, enfrentando a cruz. Ele levanta-te os braços, pressiona as tuas mãos contra os topos do X.  Ata as pontas soltas das cordas à cruz, agora não consegues escapar, apenas outra pessoa te pode salvar.
As mãos dele estão na tua cintura, o tronco dele colado às tuas costas. Duro contra o teu rabo. Espreitas sobre o ombro, olhando-o de soslaio. O canto da tua boca sorri, passas a língua pelos lábios, desafiando-o.
Ele puxa-te, fazendo as cordas morderem-te os antebraços, uma mão empurra o teu rosto, força-te a olhar mais para trás. A língua estranha invade-te a boca devagar, quente e húmida. Cerras os olhos e entregas-lhe a tua, ele fecha-a entre os lábios, saboreando-te. 
Corta o beijo cedo demais para ti, apanha-te a orelha entre os dentes, arfando ao teu ouvido, o peito dele expande e contrai nas tuas costas. As mãos dele viajaram para os teus seios, apertam-nos. Quando é que isso aconteceu? – perguntas a ti própria.
- Abre as pernas e empina o rabo. 
Tu respondes por instinto. Pressionas as pernas uma contra a outra, cerrando os joelhos.  Ele ri-se, escorrega por ti abaixo. Ajoelha-se atrás de ti. O teu vestido sobe pelas pernas, contorna o teu rabo, enrola-se até à tua cintura.
- Obedece. – diz-te ele.
A primeira palmada estala contra a nádega, bloqueando-te a respiração. A  violência do som rompe na tua cabeça antes do ardor penetrar na pele. A segunda bate na outra nádega, uma carícia, um eco da primeira. Uma. Duas. Três e quatro vezes  estalam-te sem pausas no rabo e nos ouvidos. As tuas nádegas ardem como brasas.  Tréguas por um momento, uma língua desliza pelas tuas nádegas doridas, deixando um rasto molhado como um caracol. Ele sopra, arrefecendo e contraindo a tua pele. Dois lábios pousam-te no rabo, antes da palma lá rebentar.
A mão dele morde-te, uma e outra vez, altera-te a respiração, força-te a empinar o rabo, pedindo para continuar. O ardor não chega, queres mais, diferente.
- Espera! – gritas, olhando para baixo. Afastas as pernas,  dobras as costas, oferecendo-lhe o que deseja.
Ele, ainda ajoelhado atrás de ti, passa os braços pelo meio das tuas pernas, agarra firme com as mãos onde a madeira se cruza no X.
- Vera,  paro quando disseres, “Por favor, fode-me”.
Os braços dele agarrados à cruz pressionam-te entre as coxas, empurram-te para cima, os teus pés levantam no ar, separando-te mais as pernas. O teu estômago dá um pulo, as mãos presas na cruz lutam para se agarrar a algo. Suspensa, escorregas pelos braços dele, o teu rabo desliza até junto à cara.
A língua quente e dura rompe a ferver entre os teus lábios, mergulha em ti, sai e pulsa esmagada contra o teu peso. Rouba-te um “Aí”,  toca-te naquele ponto que te tira a força aos braços.
Vais fazê-lo pagar antes de implorares, é o teu último pensamento coerente.


4 comentários:

Ser. Como. Agua disse...

Bondage,.. kinky & interessante.
Estar a merece de alguém, ou de um casal.

carpe vitam! disse...

SMACK-SMACK-SMACK!
Aiii... humm...g-gggggh... aaaaa... fsfsfsfsfs...
Uff...
Dominar ou ser-se dominado, não sei o que prefiro. Mas ninguém me disse que tenho de escolher... quero ambos! :D

Ser. Como. Agua disse...

Ambos de facto são interessantes,..
No entanto, para mim, ser dominado / ser submisso,.. tem algo de especial.
Acho que é uma entrega mais profunda.

carpe vitam! disse...

Talvez, mas também te podes entregar a dominar, é a diferença entre confiar e ter confiança :)