Domingo de manhã, chuva miudinha de final de Verão. Ela despertou antes do dia para servir de motorista e quis juntar o útil ao agradável, propondo um encontro com o Outro. Ele não podia ir, o que lhe causava algum nervoso miudinho perceptível por ela. Mas afinal de contas, iriam encontrar-se num sítio público, o que poderia acontecer? Não que isso lhe fizesse muita confusão, já tinham estado os três juntos, mas ficou aquela incerteza que não o deixa completamente à vontade.
Ela levou um livro para ler enquanto esperava, mas estava a ser difícil passar daquela página, não se conseguia concentrar, a paciência nunca foi virtude sua. Tinha saudades do Outro, tinham-se afastado e ela estava a tentar aproximar-se novamente, a tentar percebê-lo.
Encontraram-se à hora marcada, a tempo do pequeno-almoço. Sabia-lhes bem estarem ali os dois na conversa, uma conversa que poderia durar horas a fio sem ser monótona. Foi acompanhada dum café para ele, e uma torrada para ela, que deliciosamente dividiram.
O tempo deu sinal de melhoras e decidiram ir lá para fora. O passeio à beira-rio é sempre agradável, apesar das nuvens mal encaradas. O teleférico passeava vagarosamente as suas cabines suspensas e a ideia surgiu de imediato nas mentes de ambos.
Uma viagem de ida e volta demorava cerca de 15 minutos, optaram por viajar apenas num sentido. Não havia muito movimento, apenas uma família aguardava na fila, eles seguiram na cabine de trás. Paisagem deslumbrante, e apesar dos vidros sujos, ele ainda conseguiu tirar algumas fotos pondo a máquina do lado de fora.
Aquela cápsula semi-reservada era apenas uma oportunidade para dar largas ao desejo de ambos. Ela pensou em dizer-lhe o quanto lhe apetecia beijá-lo, mas antes de ter oportunidade de o fazer, ele sentou-se ao seu lado e consentiu com um sorriso em vez de palavras. Ela não perdeu mais tempo e beijou-lhe a boca, imediatamente correspondida por ele. E foi um longo beijo abraçado, um matar de saudades, uma pacificação do desejo que em vez de acalmar apenas se tornou mais premente.
Respiração ofegante, mãos nos cabelos, mordidelas de pescoço, lambidelas de orelha, mãos que percorrem as partes mais sensíveis dos corpos excitados. A vertigem, não das alturas, mas do querer. Ela traz um vestido leve e quando ele se apercebe de que ela não tem roupa interior, fica doido. Ajoelha-se e começa a lamber-lhe o sexo, a saborear devagar. Ela fica um pouco atrapalhada, olha para todo o lado, a família da frente está entretida com a paisagem e bastante distanciada, permite-se fechar os olhos por uns instantes e inspirar aquela loucura. Depois segura-lhe o rosto e puxa-o novamente para a sua boca, a sentir o seu próprio sabor. A vontade de retribuir era muita, ela sentia a intumescência nas calças, mas limitou-se a senti-lo com as mãos por cima da ganga enquanto se beijavam. A viagem alucinante estava quase a terminar, a família da outra cabine já olhava de soslaio para os dois amantes e tiveram de regressar à terra. Completamente molhados e intumescidos, desataram a rir com a situação.
Demoraria algum tempo a regularem o ritmo cardíaco e a disfarçarem os vestígios da sua excitação. A hora de almoço aproximava-se demasiado rápida e ela já tinha almoço combinado. Conduziu o Outro a casa, o que lhe proporcionou um encontro fácil do caminho entre as pernas dela até à fenda molhada. Estava a ferver e assim ficou durante boa parte do trajecto.
À chegada a casa dele, ficaram ainda um pouco a conversar no carro, aquela conversa que pode durar horas sem ser desinteressante. Mas ela tinha de ir, Ele estava à espera. O Outro despediu-se com um beijo suave na boca que ela não retribuiu. Mais tarde explicou-lhe que não era a falta de vontade, mas a discrição assim o obrigava. O Outro compreendeu.
Não era algo que Ela fizesse regularmente. De facto, tratou-se de uma situação inédita, clandestina, há muito que não seduzia nem se deixava seduzir sozinha, sem o seu par.
À chegada a casa dela, Ele já estava à sua espera. E antes de comerem, comeram-se um ao outro. Ela estava incrivelmente excitada e ele percebeu logo que algo se tinha passado. Da cozinha ao quarto, foram duas explosões intensas, instantâneas dela, seguidas da dele.
Ela foi-lhe contando entusiasmadamente o que se passara, nada que ele não tivesse imaginado, e a descrição provocava-lhe um misto de ciúme e tesão…
17 comentários:
Ó meujamigos, balha-me deus...
Vocês são do pior!
;)
ele ficou com água na boca ao ouvir tudo. rsrs
oi, carpe vitam.
todas as personagens e histórias do degusta são de minha autoria. frases e textos de outros autores, estão identificados.
bjs meus
ardente!!!
beijo
Toque
olha que domingo interessante. ;)
Já tinha tido oportunidade de ler este texto...que adorei...e agora ainda gostei mais!
Beijo,
moral da história, a história foi outra eo livro não chegou a ser lido ehheeheheh muaahahahah
Gosto e re-gosto. Aposto que, embora sejam sensações diferentes, o bom foi mesmo depois...
Gosto particularmente da última frase de todas.
Beijo
Lá você falou em memória e aqui está a falar na danada. Sim, a memória está sempre a nos provocar mas, para mim, ela é como aquelas bonecas russas, que de dentro se tira outra e depois mais outra e eu nunca sei o que vai estar lá no fundo. Beijos molhados.
otário tens toda a razão, aquele livro nunca chegou a ser lido por ela! ahahaahah (também achei um bocado secante, diga-se de passagem)
michiko, gosto dessas memórias matrioskas... ;)
um gosto... um desejo...uma vontade... uma realização...uma verdade contada....
Num teleférico, está aí um sitio aonde nunca experimentei nada.
Como sempre, vocês sabem escrever textos que nos agarram e nunca se tornam "ordinários", no sentido em que são originais não têm nada de ordinário, comum, vulgar.
Adorei o texto...pena eles não terem tido tempo para ir mais longe ;)
Vale pela recordação, pela experiencia vivida e pelo simples motivo de que a vida não para e temos que a aproveitar ao segundo.
Nunca se arrependam do que fazem mas sim de não o fazer.
Bjs a todos
ass: fbm
Sonhadora, tu deves saber que o sonho concretizado tem muitas vezes um gostinho especial...
Alien, ainda vais a tempo!
Eles foram mais longe, mas isso já é outra história...
f, por vezes arrependo-me do que faço, mas tens razão, arrependo-me mais facilmente do que não faço!
abraço-te :)
Muito à frente esta historia com um final simplesmente quente e excitante, muitos parabens pela historia partilhada!
gracias rapaz, volta sempre, pode sempre contar com histórias partilhadas ;)
Gostei imenso de ler este post.
Como comentei em resposta a alguém, no post em que me enviaste para aqui, como é que algo que torna alguém a quem amamos feliz nos pode tornar tristes e consumir-nos?
Claro que a resposta a esta pergunta dava uma tese de doutoramento...
LOL
...Ah! E, já agora, adorei...
:)
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