domingo, 13 de setembro de 2009

~ 29

Tenho andado bué mal disposta, devo ter comido alguma coisa que não devia. Tou a ficar mais gorda, as calças estão-me apertadas, farto-me de comer, depois é no que dá. O que vale é que não tarda, piramo-nos daqui, já tou com saudades de casa, da minha Catarina linda!
Quatro meses passados, e finalmente a data de regresso marcada para daqui a duas semanas. A chuva também acabou por atrasar algumas filmagens, o Jorge passa-se porque ultrapassou largamente o orçamento, mas está feito.
A Catarina, claro, vem buscar-me ao aeroporto. Sabe tão bem abraçá-la! “Fica-te bem!” “Piolhos.” Tive de rapar o cabelo todo.

Precisava de ir a Lisboa para ver as obras da Academia e acertar alguns pormenores, lembrei-me de ligar à Nádia para saber se ela tinha chegado, mas ela ainda tinha o telemóvel desligado. Liguei à Catarina, ela disse-me que ia chegar nesse dia e combinámos cruzarmo-nos no aeroporto.

A Catarina diz que tem de ir à casa de banho e pede-me para esperar no bar. “Não podes mijar em casa, caralho?” Não me apetece nada esperar, tou cansada, quero ir para casa, mas ela insiste, ok.

“Nádia! ” Oiço-o atrás de mim. Nem preciso de me virar para saber que é ele. Um rasgo de irritação percorre-me. Mas o que é que ele tá a fazer aqui? Isto cheira-me a arranjinho da Catarina…

Ela estava diferente, cabelo rapado, mais morena, tinha ganho algumas curvas, o que fazia com que os seios também ficassem maiores, muito apetitosos dentro daquele top verde justinho… linda! Não sei se estava contente por me ver ou se era do frio, mas aqueles mamilos espetados tiravam-me do sério…

Abraça-me e dá-me um chocho na bochecha. Está de partida, o que é um alívio para mim, não ter de me confrontar mais com ele.

“Fico contente por saber que está tudo bem contigo!” Senti-a distante, a querer despachar-me, por isso decidi não falar do nosso encontro e de como eu gostava de o repetir. Entretanto, já se ouvia o chamamento para o meu voo. Desejei-lhe boa sorte para o futuro e despedi-me com um beijo na testa. Ela sorriu timidamente e eu pedi-lhe para me ligar. Fiquei mesmo com a sensação de que não o iria fazer. Lésbicas ou não, há mulheres difíceis de compreender.

É Setembro e tá um frio do caraças em Lisboa, vou constipar-me de certeza. A Catarina é tão querida, trouxe-me um casaco!
Confronto a Catarina com aquele encontro, ela admite que ele lhe ligou e ela combinou tudo, que tinha estado a ver nós conversarmos. “Ele está caidinho por ti, fazes dele o que quiseres, acredita! ” A Catarina está a irritar-me com esta conversa. Eu agora preciso é de descanso e ela chateia-me o caminho todo “se fosse eu, ele já não saía de cá, ou ia com ele para Londres, e nha, nha, nha…” que chata! Berro com ela para se calar e não a deixo abrir o bico até casa.

“Lar, doce lar! Até que enfim!” As saudades que eu já tinha da minha bela caminha!...
A Catarina acha estranho eu estar mais gorda. É natural, fartei-me de andar e até nadar no Amazonas, mas também comi que nem uma mula. Os ares da floresta tropical abriram-me o apetite, fazeram-me comer por dois. Tenho saudades das artes marciais. Pergunta-me se fui ao médico, se tenho tido o período e mais uma enxurrada de perguntas. Não há pachorra, uma pessoa a querer descansar e ela a chatear, armada em mãe… Faz-me prometer que vou ao médico amanhã.

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