sexta-feira, 13 de julho de 2012

o Prazer de Raquetar na praia

Na infância e na adolescência, praia era sempre sinónimo de banhos de mar e jogos na areia sem parar. Uma bola e (pelo menos) um par de raquetas eram parte integrante do equipamento indispensável para passar um bom dia na época balnear. Chateava toda a gente para jogar, ou melhor, as pessoas que eu sabia que jogavam bem (nunca a minha mãe) e mesmo quando não conseguia convencer alguém, jogava só comigo, batendo a bola, alternadamente de um lado e do outro da raqueta, batendo com força, até ao pôr-do-sol, de modo a elevá-la bem alto e ter mais tempo para me deslocar e voltar a bater.
Na areia molhada da maré vazia era muito bom de jogar, porque a bola ressalta, dando mais uma oportunidade ao que, na areia seca, seria uma bola perdida. O que eu curtia! ágil e leve, brincadeira de crianças, alternava o tempo entre mergulhos e raquetadas, nunca parava.
Com o passar do tempo, fui deixando de ter companhia para jogar e comecei a preferir fazer coisas mais calmas na praia, como caminhar à beira-mar, ler ou simplesmente dormir de papo para o ar, a adorar o sol. Mas um destes dias, lembrei-me de voltar a levar o velhinho par de raquetas para a praia. E não me arrependi. Diverti-me como dantes, entre risos e gargalhadas, a desafiar o meu par. Uma coisa que eu notei, é que não estou tão em forma como dantes. Raquetar a sério cansa! No dia a seguir, doía-me os ante-braços e as coxas. Aquilo costumava ser mais fácil. Às tantas tive de parar porque o suor me escorria para os olhos, apesar das minhas fartas sobrancelhas, e limpá-lo à toalha. Mas continua a dar o mesmo gozo! E é apenas uma questão de treino, como andar de bicicleta faz doer as nádegas e depois passa com a continuação.
A ver se consigo explicar a piada das raquetes a quem nunca a achou. É de certeza o mesmo instinto, o mesmo prazer irracional que leva um cão a correr atrás de uma bola. Ao contrário do ténis, em que o objetivo é pôr a bola no chão adversário, na praia o que importa é manter a bola no ar. É um diálogo, uma dança entre a bola e a(s) pessoa(s) que a joga(m). Pode ser preciso como um relógio suíço; pode ser inconstante, intempestivo como um barco em mar alto. O que importa é manter a bola no ar, custe o que custar.
 Lembro-me de pensar algumas vezes como seria o sexo com a pessoa que estava a jogar comigo. Será que existe alguma relação entre a performance com a raqueta e a performance com o sexo? Será que uma pessoa que salta para chegar mais alto, que se joga no chão para apanhar aquela bola mais baixa, usa o mesmo empenho na cama para satisfazer o/a parceiro/a? Não reuni ainda dados suficientes para chegar a alguma conclusão. Mas o que importa mesmo é a sensação, aquele triunfo de cada vez que se consegue bater uma bola, principalmente as difíceis, aquelas que parecia mesmo que não ia conseguir apanhar...

3 comentários:

Alien David Sousa disse...

Carpe, como me deu gozo este texto. Fez-me regressar ao passado quando ainda era uma Alien em miniatura e conseguia fazer tudo o que mencionaste. Cresci e GOD, fiquei como tu! Aposto que o tabaco tem um dedinho maroto neste caso...


"Será que existe alguma relação entre a performance com a raqueta e a performance com o sexo? Será que uma pessoa que salta para chegar mais alto, que se joga no chão para apanhar aquela bola mais baixa, usa o mesmo empenho na cama para satisfazer o/a parceiro/a?"

Não acredito que exista porque os humanos quando envolvidos numa actividade sexual, geralmente , nem todos jogam com duas bolas, se uma cair tem logo ali a outra.
Quanto aos humanos que não detêm bolas para usar durante o acto sexual, tem sempre dunas, grutas e se bem te lembras subir as dunas cansava mas no sexo, apenas dão prazer ;)
Este meu comentário apenas deve fazer sentido para mim LOL
kisses

carpe vitam! disse...

alien, acredita que o teu comentário faz muito sentido para mim, ahahah! e também te digo que vais sempre a tempo de voltar a jogar. eu agora chateio toda a gente para o fazer e já não passo tanto tempo de papo para o ar na praia, faço caminhadas, venço o frio da água e mergulho :)

Ser. Como. Agua disse...

Não sei,...

Creio que é difícil de afirmar com certeza que existe alguma correlação entre o desempenho desportivo e o desempenho sexual.

Há momentos em que nós nos sentimos mais competitivos,...e há momentos em que jogamos mais pelo gozo,...tal como por vezes temos mais vontade em sexo que outra vezes.

Creio que para começar depende do parceiro com quem jogamos (temos sexo).

Tirando isso, entendo que o carácter da pessoa pesa muito; sé é muito competitivo ou não, se é muito esforçado ou não, se desiste facilmente ou é persistente.

Não acredito que na cama sejamos muito diferente que fora dela, mas há sempre quem nos surpreenda, e que é a excepção que confirma a regra.