terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Swingin' (in the rain) reflexões em jeito de conclusões

continuação daqui | início


Já aqui tínhamos dito anteriormente que quando começámos a escrever isto, nunca pensámos demorar-nos tanto, mas a verdade é que já passou mais de um ano desde os primeiros relatos e pensamos que está mais que na altura de divulgar algumas considerações sobre o assunto, para arrumar e concluir.

sites
O primeiro onde nos inscrevemos depois de termos ido ao primeiro clube era uma comunidade pequena, com cerca de 300 membros, mas tendo em conta que a maior parte são casais, serão cerca de meio milhar de pessoas. A esmagadora maioria dos perfis são casais em que ela é bi e ele hetero, têm entre os 20 e muitos e quarenta e poucos anos, filhos pequenos. A Yin perguntou se não tinham sequer uma curiosidadezinha para experimentar da mesma fruta, mas ninguém respondeu. Aliás, são muito pouco participativos, houve um passatempo de contos eróticos que terminou antes de nos termos inscrito e só teve três ou quatro participações. Na nossa modesta opinião, o que ganhou não era nem de longe o melhor, simplesmente teve mais votos. Depois houve outro com fotos supostamente originais em que um dos casais plagiou a foto que tinha mais votos. A Yin quase se passou com tamanha falta de carácter, mas lá conseguiu ficar quietinha, até porque o passatempo teve a sua data adiada por falta de número mínimo de participações e ainda assim terminou sem prémio atribuído. Enviámos mensagens a toda a gente a apelar à participação, mas não conseguimos nem mais uma. Conseguimos com isto ter uma ideia muito abrangente da “fauna” existente. E concluir que a variedade não é assim tanta, e apesar de haver “verificação de género”, isso não significa que não haja falsos casais e muitas fotos descaradamente roubadas. Para além disso, existem alguns perfis privados que impossibilitam qualquer tipo de contacto que não seja iniciado pelos próprios. Isto leva-nos a pensar que estão ali para caçar quem lhes agrada, não para ser caçados. Não conseguimos provar esta ideia porque nunca fomos abordados por nenhum desses perfis.
Este site não durou muito tempo até se absorvido por outro maior, com mais abrangência, mas a funcionar muito mal, com um péssimo layout.

O segundo que experimentámos é mais antigo e tem por isso mais membros, mas é muito menos user friendly e tem muito mais lixo. Ainda assim, encontramos algum pessoal a partir daqui. Ganhámos o acesso ilimitado ao site durante uns tempos devido a um passatempo de fotos, mas a verdade é que pouco uso fizemos desse acesso, que basicamente nos permitia colocar mais fotos e tinha mais uma ou outra funcionalidade que normalmente é necessário pagar para ter. De notar que os singles pagam para ter acesso a esta espécie de circo.
Há um terceiro site mais amador cujo administrador conseguimos encontrar e dar-lhe a nossa opinião sobre o que devia mudar, mas a verdade é que pouco ou nada mudou. Esteve durante algum tempo um banner de acesso aqui no blog, mas da última vez que verificámos não estava a funcionar, por isso retirámos.
O Yang continua a inscrever-nos em quase todos os sites que aparecem, a Yin normalmente não os utiliza nem se mete com ninguém, o Yang é capaz de dar as suas voltas e comenta com ela quando encontra um perfil que lhe desperta a atenção. Aí sim, se lhe interessar, é capaz de se meter. Também não somos propriamente um casal muito assediado, falamos com toda a gente que nos aborda, mas a maioria não nos desperta atenção.

clubes 
Já visitámos uns 6 ou 7 espaços diferentes e estamos em vias de visitar mais dois, temos as nossas preferências e já aqui as explicámos.
Ainda não fomos ao sítio de referência do swing português, apesar de muitos dos casais com quem falamos continuarem a preferi-lo. O facto de não nos terem respondido quando os abordámos através do site e de pedirem "jóia" para entrar não nos agradou. E preferimos o conceito de festa em casa de amigos a discoteca adaptada.

Reparámos que as idades são bastante heterogéneas. Não há menores, há uma faixa etária mais velha, o Yang diz que alguns já morreram e ninguém lhes disse nada. Também há alguns cotas enxutos. Os mais velhos demonstram maior à vontade e pragmatismo, um cio mais evidente, como se tivessem que aproveitar ao máximo porque a vida já não volta para trás. Os mais novos têm mais pudor, são mais sonsos. Não vimos ninguém a escandalizar-se com nada e já tivemos oportunidade de ver bastante.

pessoas
A maior parte não nos diz nada. Mas as pessoas com quem nos interessa conviver vão surgindo, muito raramente aparece alguém com quem nos apeteça foder, e quando aparece, nem sempre a vontade é mútua. Mas vamos fazendo parte de um núcleo onde gostamos de estar.
Há muita gente mal educada, mal formada e desonesta, que não conhece as regras básicas da comunicação nem sequer se preocupa em ser coerente com as mentiras que inventa, principalmente online. Mas com o tempo, conseguimos localizá-los à distância e assim os manter. 
Mas às tantas, já conseguimos fazer parte de um grupo de parece uma família que se apoia, confidencia e por vezes se junta para fazer coisas que passam eventalmente pelo sexo.

conclusões
Acaba por ser um modo de estar, uma religião, também tem os seus dogmas. Nós não nos identificamos com o típico praticante, gostamos de manter o nosso posto de vigia, observar os outros. Se lhes incomoda sentir-se observados, temos pena, ninguém os obriga a exporem-se, se o fazem é porque querem, há que saber arcar com as consequências.
Não conseguimos estar mais do que uma vez com o mesmo casal, não por falta de vontade da nossa parte, cremos que andamos com desejos desencontrados. Não é fácil conjugar a vontade de quatro pessoas.
Mais do que concluir alguma coisa, fazemos perguntas, umas mais concretas que outras:
- Como encontrar consensos? Como gerir as emoções?
- Até que ponto podemos ceder?
- Uma pessoa bi terá de se envolver sexualmente com todos os membros? O envolvimento de todos terá de ser cancelado se algum/ns membro(s) não se quiser(em) envolver?

É preciso muito tacto e diplomacia... E paciência! Devia haver um manual de boas práticas! bem que podíamos criar um, depois de já termos experimentado e lido tanta parvoíce sobre o assunto.

Onde estamos agora? Definitivamente, há coisas no swing com as quais não nos identificamos. O preconceito, o ciúme, a posse, as regras parvas. Mas a parte da honestidade, da cumplicidade, interessa-nos bastante. Talvez estejamos algures entre swingers e poliamorosos, sem pertencer verdadeiramente a um ou outro grupo. Não que isso seja muito importante, desde que não nos arrependamos do que não fizemos, que se vá conseguindo entendimento, está tudo bem.

Isto provavelmente está a ser extremamente maçador e já ninguém tem paciência para ler, onde é que já se viu uma história sobre swing onde se swinga tão pouco? A Yin já se perguntou várias vezes se fará sentido continuar a publicar os nossos relatos aqui. A decisão tem vindo a ser adiada, mas torna-se agora definitiva. Continuaremos a escrever sobre o assunto, mas para registo pessoal apenas. Com ou sem leitores, com ou sem feed back,vamos swingando (ou tentando), à chuva, ao vento, ao sol, ao sabor do tempo e das vontades.


sábado, 8 de fevereiro de 2014

Swingin' (in the rain) parte 56

continuação daqui | início

Foi a vez do Yang fazer anos e a Yin queria que tudo fosse como ele desejava. Ofereceu-lhe um perfume e apesar de estar extremamente constipada, sem nenhum olfato quando o comprou, ele pareceu gostar.Os Duques disponibilizaram a casa e disseram que podia convidar até 12 pessoas para jantar. Ele não se fez rogado, e convidou um monte de casais, dos quais 2 aceitaram ir. Os Sem Preconceitos e, para nosso espanto, os Envergonhados. Isto porque o plano seria seguir dali para o nosso antro de perdição predileto. Para melhorar ainda mais, o Casal Especial passaria por lá depois de jantar e seguiria connosco para o clube.
A Duquesa esmerou-se na cozinha, tinha um bacalhau com broa no forno e estava a ultimar uns rolos de enchidos para a entrada. Ainda fomos a tempo de ajudar na sobremesa e no prato escolhido pelo Yang - caril de gambas. O bacalhau chegaria para todos e seria mais consensual, uma vez que a maioria não era apreciadora do caril picante, mas os Duques, entusiastas da malagueta, fizeram a vontade ao Yang. As mulheres ajudavam na cozinha, os homens entretinham-se com afazeres de pesca, quando os Envergonhados chegaram, já estava quase tudo pronto. Ela estava bem apetecível, com um vestidinho preto justo, a mostrar a perna torneada. A comida estava deliciosa, e apesar da Yin não ter olfato, apreciou as texturas. Ainda assim, conseguia sentir o picante do caril, apesar do Duque dizer que não abusou. A SP provou e sentiu-se mal, teve de ir apanhar ar para a rua até ficar melhor.Quando já estávamos nas sobremesas, chegou o Casal Especial. Ela estava lindíssima, já não a víamos há imenso tempo, soube bem conversar, matar saudades.
Após convivermos um pouco e nos aperaltarmos, seguimos rumo ao destino escolhido.

O Yang quis experimentar o novo carro dos Duques e eles deixaram-no conduzir. Seguimo-lo em caravana até ao sítio, não sem ele se enganar no caminho. Uma vez chegados, deparámo-nos com o local com muito pouca gente, o que nos fez lembrar uma certa Páscoa. Já lá estavam os Doces à nossa espera, e os Embaixadores chegariam pouco depois. Pareceram-nos bastante cansados.
No início, os casais (principalmente os membros masculinos) estavam todos sem exceção encostados à parede. A música não estava má e a Yin começou a dançar devagar, timidamente. Estávamos curiosos para saber como é que os casais iriam reagir uns aos outros, especialmente os Doces e os SP, mas foi com os Envergonhados que estes últimos encontraram mais afinidades. A Yin observava enquanto dançava sozinha. O Duque foi ter com ela e dançaram um pouco sozinhos, até ela ir buscar a Duquesa e dançarem os três. 
Passado algum tempo, chegou o homem do bolo. O Yang tinha dito que não queria bolo nem que lhe cantassem os parabéns e a Yin tentou respeitar isso, mas a verdade é que acabou com dois bolos de aniversário, um surpresa, com uma mamalhuda qualquer oferecida pelos SP e outro por ligeira insistência dos Embaixadores, com foto escolhida pela Yin, mas que não era grande surpresa para ele: uma foto do seu membro a servir de cabide a uma chibata. Será que os pasteleiros estão sempre a receber pedidos destes ou quando acontece é um fartote?
Cantámos os Parabéns, tirámos fotos e pouco depois já os Doces se despediam. Ofereceram-lhe um conjunto de acessórios para vinho e também um livro erótico para Yin, prenda de aniversário atrasada que ela mais tarde devorou em três tempos, com interessantes repercussões para o Yang.

A Musa fez um show no varão principal seguida de uma outra rapariga com um corpo muito bem proporcionado, salientado por um catsuit preto rendado que ela enrolou pela cintura, servindo de leggings. Completando a inusitada toilette, um par de sapatilhas pretas. A Yin gostou da combinação sexy sport. A Musa perguntou à Yin se podia amarrar o Yang, mas ele já lhes tinha dito que não queria nada disso. Ainda assim, conseguiram arrastá-lo para o palco e a Musa tentou fazer-lhe algumas maldades, mas ele não estava muito colaborativo. Aliás, para quem tinha uma série de gente a fazer-lhe as vontades, ele não parecia estar muito satisfeito. A Yin perguntou-lhe o que se passava, ele tinha comido imenso, estava com alguma dificuldade na digestão.
Dançámos um pouco juntos, começámos a aquecer e desaparecemos na rotunda do labirinto, mas apesar das tentativas da Yin, o Yang não estava disposto para a brincadeira.
A Musa tinha perguntado à Yin que músca é que o Yang gostava, e ela respondeu sem pensar muito "AC/DC, Thunderstruck". Quando a música começou a tocar, ela começou a pular, indo buscar energia sabe-se lá onde, e assim continuou, no seu vestidinho preto eu-nunca-me-comprometo e uns saltos razoavelmente altos. Os Embaixadores meteram-se com ela e ainda dançou um pouco no varão com a Musa. Ela andava a evitar o varão mas sabia que teria de o enfrentar, ainda para mais nem sequer estava muita gente na pista, tinham o espaço todo para elas. Depois de se esgueirar um bocado rodopiando à volta do varão, entrou na dança com a Musa. Apetecia-lhe dançar com cada uma das meninas, apetecia-lhe dançar com toda a gente. Mas estavam todos muito compostos e tímidos, com os seus pares. Era o aniversário dele e ele é que conseguiu juntar toda a gente, mas ela estava possuída, não parava quieta, nunca tinha desbundado tanto aquela pista vazia, e pulava e voava e nadava no ar como se não houvesse amanhã. Por algumas vezes o Yang aproximou-se e foi recambiado. Foi-se despedindo das pessoas que pediam desculpas por a interromper e tinha de limpar o suor da cara com o mesmo lenço como que limpara o ranho. Todos disseram ter gostado da noite. A Menina Especial deu um xoxo ao Yang. A Yin abraçou-a com força. Gostava de lhe provar os lábios, mas não ousou, não se consegue habituar a essas convenções dos xoxos.
Foi a primeira vez que os Embaixadores se foram antes de nós. A Yin fartou-se de pular e passado algum tempo, fomos para cima descansar. o SP já lhe tinha oferecido colo e ela recusou, dizendo que ainda tinha de ir pular mais um bocado, mas desta vez aceitou e esparramou-se toda em cima dele, completamente estourada. Estava toda ensopada em suor, cabelo molhado, curou assim a constipação. O pessoal estava todo com vontade de ir embora e foi o que fizemos depois de ela tomar duche e mudar de roupa.

E foi assim que passámos o primeiro aniversário do Yang sem comemorar com uma foda digna. Fizémo-lo no dia anterior e seguinte, apesar da descomunal dor de pescoço com que a Yin acordou.

continua aqui