segunda-feira, 29 de abril de 2013

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Swingin' (in the rain) parte 22

continuação daqui | início

O Carnaval estava a chegar e decidimos fazer mais uma incursão ao nosso clube preferido. O dress code era máscara, com lingerie ou underwear, pelo que nos decidimos por disfarces mínimos. Preto e prata foram as cores que escolhemos. O Yang de preto, com uma mascarilha desenhada em redor dos olhos, a Yin com uma cabeleira prateada e uma saia da mesma cor feita com uns pompons de líder de claque e uma echarpe nos mesmos tons. Tinha uma lingerie preta transparente, com lantejoulas pretas e prateadas em sítios estratégicos. Tinha também um bigodinho feito de pêlos púbicos que era a nossa private joke. Andou meses a deixar crescer os pêlos para poder cofiá-los e a ideia era que ficassem enrolados nas pontas, mas os pêlos são rebeldes e nem com gel foram na conversa dela. De qualquer das formas, por baixo das lantejoulas, não se via grande coisa, apesar da semi-transparência da tanga, ainda mais com a saia das tirinhas prateadas por cima. Ela ainda tentou que o Yang levasse algumas tirinhas prateadas a simular pêlos púbicos, mas ele recusou-se terminantemente, o mais que conseguiu foi pintar-lhe as unhas de preto. Já tinha conseguido pintar-lhe as unhas de uma mão de rosa choque num outro carnaval em que se mascarou de matrafona, pelo que foi um progresso considerável. conseguiu também vaporizá-lo com os mesmos brilhantes prateados dela que faziam um efeito bastante glamouroso contra o preto da roupa e da lingerie, incluindo os sapatos e as meias pretas com liga prateada da Yin.
Rumaram ao clube já aperaltados e sabiam que os Embaixadores lá estariam. A Yin pensou em levar o pingalim, mas acabou por levar a chibata, condizia melhor com a sua indumentária e estava preparada para voltar a disciplinar o Guardião se ele voltasse com aquela conversa dos beijos. É preciso dizer que da última vez que lá estivemos, quando nos fomos despedir, ele e a Yin trocaram um xoxo ligeiramente humedecido e ainda gabaram as nádegas firmes um do outro. Soube bem à Yin, nem tanto ao Yang, ainda a remoer o facto de ele não querer ir lá a casa.
Pelo que pudemos apurar, o xoxo tem um estatuto especial nos clubes. É relativamente comum as mulheres cumprimentarem com um xoxo tanto homens como mulheres. Homens com homens nunca vimos e estamos convictos que a maior parte acharia isso uma grande paneleirice. A Yin gostava de ver isso, mas acreditamos que teria infinitamente mais sorte num clube gay.
Desta vez o Yang foi presenteado com um xoxo pela Dona do Pedaço. Ela é muito simpática, estivemos um pouco à conversa no início da noite e gostámos bastante, para além de ter um belíssimo corpo, tem coisas na cabeça. Falámos um pouco sobre a perspectiva deles, de como separam o trabalho do prazer, apesar de também serem swingers e ela também é da opinião de que seria interessante fazer um estudo sociológico sobre o swing. Claro que existem artigos, papers e teses, mas sempre numa perspetiva académica de quem está de fora, muito tradicional e conservadora, por vezes até moralista e revoltante. Se o swing é o que dizem ser, então definitivamente nós não somos praticantes. Ainda vamos formar uma nova religião: protestantismo swinger... A verdade é que não nos identificamos com a maior parte do que dizem os casais citados nestes estudos. O que vale é que vamos encontrando pessoas com pontos de vista semelhantes e mesmo que não sejam, é sempre bom trocar ideias e cromos.
A noite estava animada, apesar do frio e chuva que se faziam sentir lá fora, lá dentro estava-se bastante bem. Os Embaixadores apresentaram-nos um trio de dois homens e uma mulher com quem já nos tínhamos cruzado da outra vez, mas já não nos lembrávamos. A Musa referiu que era ela que estava a disputar a coluna de som com a “Adele” na noite da passagem de ano. A Yin lembrou-se de lhe fazer uma pergunta para a qual não esperava resposta ou sequer que ela ouvisse "cê téim samba no pé, né?". Claro, a moça tem "àqueli sótaquizinhu açucárádo” o samba está-lhe no sangue. Estranhas playlists se ouvem naquela casa, na passagem de ano fizemos uma viagem aos anos 90 que incluiu do melhor e do pior que se ouvia nesses tempos, incluindo samba. Na noite do carnaval a música estava mais atual, surpreendeu-nos a falta de samba, mas também não sentimos grande falta. Aliás, aquilo nem parecia carnaval, sem serpentinas e línguas da sogra, muito poucas máscaras e cabeleiras, nenhuma matrafona...
Mais tarde foi-nos também apresentado um casal muito simpático que não cumpriu o dress code no que diz respeito à lingerie, mas que vinha muito bem trajado de figuras... eclesiásticas. Cada um com seu livrinho doutrinal, o que nos rimos com as imagens de corpos desnudos - ela com meninos e ele com meninas, ahah! ou não viessem eles de uma terra com fortes tradições carnavalescas, tal como nós. Gerou-se ali uma empatia imediata e quando toda a gente seguiu para a pista, nós ficámos os quatro um bom tempo confortavelmente a conversar ao calor da lareira. De vez em quando um dos homens do trio da "minina com sótaquizinho" vinha ter connosco para se aquecer. Não percebemos bem a onda dele, de cuecas e meias brancas e um penso a condizer no joelho, explicou que tinha caído a jogar futebol. Apesar de já não ser um puto, tinha um corpo cuidado. Mas como raio não aquecia ele a dançar com uma mulher daquelas e o amigo? Falou da perspetiva dele sobre o swing, que ele e a mulher tinham uma relação aberta, e durante todo o tempo, pensámos que o 
casal "oficial" era com o outro homem, mas depois disseram-nos que não. Foi bem divertido ver os três na pista, as meias brancas dele a brilhar com a luz ultravioleta enquanto dançava e se tentava enquadrar com os outros dois. Curioso ser o segundo trio HomemMulherHomem com que nos deparámos quando aqui vimos em noites que supostamente são apenas para casais. Nada contra, já dissemos noutras alturas que gostamos da biodiversidade. Curiosamente não temos ideia de alguma vez nos termos alguma vez cruzado com nenhum trio MulherHomemMulher...


continua aqui

domingo, 21 de abril de 2013

Swingin' (in the rain) parte 21

continuação daqui | início

Continuámos o contato com o Tal Casal, os Embaixadores, os Tcouple e os Altos e Baixos. Combinámos encontrar-nos com estes últimos junto ao mar, numa tarde de domingo. Estávamos com receio de chegar atrasados, mas eles ganharam-nos no atraso, o que nos deu tempo para passear à beira-mar e ir até à areia. Quando chegaram a tarde já começava a dizer olá à noite e fomos procurar um sítio que eles recomendaram. Atravessámos a pequena vila a pé à procura do sítio, em conversas cruzadas. O Yang com ele e a Yin com ela. Ela delirantemente entusiasmada, parecia andar aos pulinhos, sempre sorridente. Ele bem mais contido, mas sempre prestável e de sorriso fácil. Lá nos sentámos no tal sítio, recomendado pelas tostas. E realmente, além de enormes, eram muito boas, com imensa variedade de ingredientes. Escolhemos a tradicional mista de queijo e fiambre, mas também provámos a deles, de frango, com um molho especial com um toque de alho e estava realmente uma delícia. A conversa foi fluindo, agora a quatro, sobre assuntos mais ou menos banais, vida, trabalho, futuro... ficámos a saber que a Caganita (nome carinhoso que a Yin lhe chama) tem um curso de massagista. Como fãs entusiastas de massagens que somos, trocámos algumas considerações sobre massagens terapêuticas e de relaxamento. Não é todos os dias que o podemos fazer com uma profissional e a vontade de pôr as ideias em prática aumentou consideravelmente. A noite já tinha caído quando decidimos ir embora. A Yin antecipou-se no pagamento da conta, o que deixou a Caganita a protestar, ao que ela respondeu que não fazia mal, depois pagava-lhe em massagens. E já não houve mais protestos. Foram passear até ao molhe. Estava escuro, mas estranhamente não estava frio, talvez porque um calor de entusiasmo se apoderava de nós. Por companhia, apenas alguns pescadores. Ficou no ar o que poderia acontecer no escurinho e já era tarde para cobrar as massagens, pelo que voltámos para os respetivos carros e seguimos viagem.
Houve alguma troca de mensagens, tentámos combinar a tal sessão de massagens lá em casa e um jantar, mas talvez por falta de disponibilidade nunca deu e não conseguimos encontrar-nos mais antes de ela ir embora, trabalhar no estrangeiro. A Musa tinha pensado em fazer uma festa de despedida no clube, mas nunca chegou a acontecer. Temos mantido o contato mas o entusiasmo... esmoreceu.



continua aqui

quinta-feira, 18 de abril de 2013

a Primavera atrasou-se...



                                    ... porque se estava a preparar para anunciar
                                    um longo e escaldante
                  Verão

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Swingin' (in the rain) parte 20

continuação daqui | início

Acabámos por chegar muito perto da meia noite. Foi o tempo de descer à pista, pegar num copo e numas passas e já soava a contagem decrescente. Este ritual parece-nos mais ridículo a cada ano que passa. O novo ano não ia ser fácil, mas há sempre uma esperança renovada a cada passagem de ano, como se fosse uma oportunidade para começar de novo. E começar o ano entre sorrisos, beijos e abraços, com as pessoas de quem se gosta e se quer estar, é sempre um bom começo. O espaço estava bastante composto, cruzámo-nos com algumas caras habituais, os nossos amigos embaixadores chegaram pouco depois da meia-noite, fizemos as apresentações e a Yin advertiu logo o Guardião para que se portasse bem, caso contrário, levaria. E digamos que ele levou umas belas palmadas no rabo que deixaram a Yin com a mão a arder e a dizer que para a próxima, trará mesmo o pingalim. Ele diz que prefere dar a levar. Mas levou. E também deu, que ela não lhe escapou.
Depois viémos para cima com o Tal Casal e por lá ficámos, numa de observadores. Eles conheciam imensa gente, nem sempre as caras, mas pelos nicks dos sites.

Ouviam-se gritos, imensos gritos e gemidos, alguns a soar mais genuínos que outros, houve pessoal que fez questão de passar a meia noite a foder. E o resto da noite também. E era vê-los, aos machos, a correr todos nus, em bicos de pés ou de meias, a atacar o buffet e voltar para o quarto. Divertimo-nos a observar e identificar as várias espécies da fauna swinger. Reparámos num grupo de três “meninas” que sobressaía por serem três e por terem um aspeto pouco feminino, o que, na opinião da Yin, contribuiu positivamente para a biodiversidade. Nós perguntámos se podíamos levar um amigo e foi-nos dito que seria uma noite apenas para casais. Mas depois vimos que um dos casais predadores profissionais levou um amigo, ao qual o elemento feminino chamava carinhosamente de “meu sub”. Eles explicaram que ele fazia parte de um casal swinger que terminou e não queriam que ele passasse a noite sozinho e então trouxeram-no. A verdade é que o vimos por diversas ocasiões sozinho e bêbado no final da noite. 
Por esta altura, o espaço estava ao rubro, era difícil conversar no lounge apesar da música estar baixa, tal era a chinfrineira produzida pela multidão. A Yin reparou numa menina de um casal que a falta de espaço tinha empurrado para a nossa mesa. Era novinha, lembrava-lhe a Adele. Pensou umas quantas vezes meter conversa, mas foi o elemento masculino do Tal Casal que a abordou. Falaram-nos das suas experiências frustradas, de toda a gente lhes achar piada mas depois na hora da verdade se cortarem ou acontecerem coisas estranhas. Que já andavam “nisto” há mais de um ano e nada. Quando se tem vinte e poucos anos, andar “nisto” há um ano sem faturar, é capaz de ser realmente muito tempo, coisa para frustrar bastante. O rapaz estava ao lado dela, mas não brilhava como ela. A Yin achou-lhe piada, e o Yang também. Na pista, a “Adele” subiu para cima da coluna de som e só faltava gritar “fodam-me!” Até pode ter gritado, mas com o barulho das luzes, não se ouvia. O Yang virou-se para Yin e disse-lhe, em tom provocatório “vai dançar com ela, mete-te com ela”. Tentou picar a miúda também, mas ambas fizeram ouvidos mocos. A Yin gosta do jogo da sedução e sabe que é tudo uma questão de instinto, ler os sinais, agir no tempo certo. Não achou que fosse o tempo certo, e o tempo veio dizer-lhe que nem sequer era a pessoa certa. A verdade é que o casalinho jovem desapareceu e também deixámos de ver o casal predador. O Tal casal dizia que ela se iria arrepender no dia seguinte, que eles iam tratá-los como se fossem objectos. Não sabemos porque eles nunca mais disseram nada, apesar de tentarmos meter-nos com eles através do site. Falta um manual de boas práticas para estas coisas, há falta de melhor, resta o bom senso. Esperamos sinceramente que estejam felizes. Ou melhor, não esperamos nada. Há que saber gerir muito bem as expetativas e na maior parte das vezes, o melhor é não as ter e assim podermos, em raras ocasiões inspiradas, deixarmo-nos surpreender.
O elemento feminino do Tal Casal, ao contrário do que tinha previsto, parecia estar genuinamente divertida e já não era nada cedo. Encontraram um casal em que um dos elementos era conhecido de outras andanças. Nunca nos aconteceu encontrar alguém assim conhecido, por vezes divertimo-nos a imaginar como seria encontrar um familiar, um vizinho ou um cliente. Será que isso iria mudar radicalmente a forma como olharíamos essa pessoa? Imagina-se o sorrizinho cúmplice da próxima vez que nos víssemos noutro contexto... ou o constrangimento. Normalmente nunca passa pela cabeça de alguém que as pessoas que conhecemos podem ser swingers. Até parece que estou a falar de uma doença contagiosa, mas a verdade é que este pessoal não anda por aí a divulgar a sua vida sexual (ou lifestyle, como lhe chamam os americanos). É uma sociedade consideravelmente secreta.
Foi muito interessante falarmos das nossas experiências e do que representa o sexo e os afetos nas nossas vidas. Tínhamos levado um bolo feito com imenso carinho, mas acabámos por o trazer inteirinho e comer em casa, acompanhado com chá e mais conversa. Soube mesmo bem, no final da noite.

Voltámos a encontrar-nos mais uma vez na tal esplanada aquecida, com mais conversa descontraída até onde as horas e os compromissos do dia seguinte nos deixaram e um convite para visitar a ilha. A ideia seduz-nos bastante, só falta encontrar a altura certa.

continua aqui

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Swingin' (in the rain) parte 19

continuação daqui | início

Por ela, fariam a passagem de ano em casa, com a família. Mas ele não queria. Aceitaria passar em qualquer outro lado. O Yang estava danadinho para ir ao clube. A Yin também gostava de ir, mas tentou conciliar as vontades, não se importaria nada de ficar em casa com eles. O Yang consegue ser bastante persistente, diríamos mesmo insistente, e a verdade é que depois de algum tempo, ela acabou por ceder, mas não sem aquela sensação de "ok, estou a ver que toda a gente quer ir menos eu e como não quero fazer desfeita vou, mas já sei que vai ser uma seca e vou querer vir cedo". Ela não tinha disposição nem roupa para ir, claramente eles só vieram ter connosco porque estávamos ali, à mão de semear, não tinham em mente que os pudéssemos desencaminhar para um espaço daqueles. O modus operandi deles com os outros casais costumava ser diferente do que aconteceu connosco. Normalmente, conversariam bastante na net, conhecer-se-iam minimamente e só se encontrariam com alguém que achassem que valeria mesmo a pena encontrar pessoalmente. Há que dizer que ainda nós nem sonhávamos com estas coisas do swing já eles tinham a escola toda. Frequentaram sites e clubes e conheceram assim bastantes casais da mesma "religião", mas devido a um problema de saúde dele, há algum tempo que não o faziam nem pensavam fazer, sem que ela demonstrasse algum tipo de nostalgia. Mas o curioso é que após ter resolvido ir e encontrado a vestimenta certa, parecia outra, mais entusiasmada que nós. A Yin disponibilizou-lhe o seu guarda-roupa, mas ela preferiu fazer as suas próprias aquisições. São bem diferentes, mental e fisicamente, apesar de serem sensivelmente da mesma altura, ela é mais magra e tem mais mamas que a Yin (quer dizer, tem à mesma duas, mas maiores), mas haveria peças e acessórios que lhe poderiam servir. Partilham no entanto uma certa casmurrice própria das filhas únicas que estão habituadas a fazer tudo à sua maneira.
Chegado o último dia do ano, jantaram em nossa casa e o serão estava agradável, entre comes e bebes e preparativos para a noite. Ela não costuma maquilhar-se, mas deixou a Yin passar-lhe um eyeliner e uma sombra discreta nos olhos e também pintou os lábios. Tinha de ser, para combinar com um vestido preto curto e justo, com decote generoso. A Yin também com o seu vestido preto "eu nunca me comprometo", um pouco mais comprido e menos decotado, mas ainda assim coladinho ao corpo. Vaporizaram-se com uma chuva de brilhantes prateados que depressa se desvaneceram. Os homens são muito mais descomplicados com estas coisas das vestimentas. Uma camisa e umas calças e tándar que já se faz tarde. O quarto ficou todo de pantanas, parecia que tinham estado ali umas quantas adolescentes a prepararem-se para a night. A verdade é que a sensação não foi muito diferente. Estávamos todos sintonizados na rádio PARTY!



continua aqui

quarta-feira, 3 de abril de 2013

a matemática do sw

imagem por Jaison Cianelli + carpe vitam!
texto por kasalkerkasal

(1 + 1 + 1 + 1) = 4

Bem sei que isto do sexo não é uma ciência exata como a matemática, mas perdoem-me os mais sentimentalistas e menos racionais, para mim, (1 + 1 + 1 + 1) são 4, ou pelo menos deveriam ser. São raros os casais que conseguem pensar desta forma quando decidem experimentar partilhar a sua intimidade com outro casal. Repare-se que não gosto de usar a tradução de “troca de casais” para a expressão inglesa “swing”, porque no fundo trata-se de uma partilha e não de uma troca. Trocam-se carinhos, carícias, fluídos, paixão, mas partilham-se intimidades, casais.

Mas voltemos à matemática.

Após muitas conversas com outros casais em fóruns ou salas de conversação conhecidas do meio ou mesmo pessoalmente, percebi que muito poucos aceitam esta ideia que no swing (1 + 1 + 1 + 1) são 4. Para a grande maioria 2 + 1 + 1 são 4 ou 3 + 1 são 4 ou (1+1) + (1+1) são 4. Nas divisões e nas multiplicações, normalmente concordamos: dividimos os esforços para multiplicar o prazer…ou será que multiplicamos os esforços para dividir o prazer? Bem, agora fiquei baralhada. Eu estava nas adições…

Esquisito?

Passo a explicar…

Para mim, para que o 4 tenha verdadeiramente significado de 4, ou seja, para que o swing seja plenamente usufruído por todos, terá de haver envolvência de todos com todos. Tem de haver partilha total de todos os corpos por todos os outros. Trata-se de sexo, portanto, são 4 corpos, não são 2 mulheres e 2 homens. Todos aceitam 3 + 1, ou seja, 2 mulheres + 1 homem, e o outro a servir de cabide, todos aceitam 2 mulheres (uiiii) + 1 homem + outro homem, a deliciarem-se com a cena, grande parte ficou fã de (1 homem + 1 mulher) + (1 homem + 1 mulher, sejam os respetivos ou os trocados, no entanto pouco são os que têm a minha visão de que (1 + 1 + 1 + 1) são 4.

Matemática à parte…

Sendo mulher e, como tantos outros de nós, fruto de uma educação mais tradicional, com valores mais conservadores, demorei algum tempo a chegar a esta conclusão. Não porque não perceba muito de matemática, mas porque a ideia de poder partilhar o “meu homem” com outro homem fugia aos padrões. Mas a idade trouxe-me também alguma maturidade e maior tolerância perante o preconceito. Sim, porque não passa de preconceito. Sexo não tem idade, sexo não tem cor, sexo não tem religião, sexo não tem (ou não devia ter) género sexual.

Não estou a apelar à bissexualidade generalizada… tipo, vamos todos ser bissexuais agora! Está na moda! É o que está a dar! Nada disso! Prezo muito as minhas escolhas e não troco o meu marido por outra mulher( porra… as mulheres ainda são mais chatas que os homens). Mas isso é a minha vida, o que escolhi para mim. Outra coisa são os momentos íntimos que partilho em determinados momentos. O swing não é a minha vida, apesar de ser chamado de “lifestyle”, não é o meu estilo de vida, não concedo a ideia de ser definida ou rotulada a partir de momentos, deliciosos e importantes claro, mas pequenos momentos numa vida que espero longa e preenchida com tantos outros momentos de outro cariz. No meu swing sim, sou bissexual, trissexual se assim fosse possível, sou acima de tudo um ser sexual. Só assim usufruo desse momento na sua plenitude. Só assim (1 + 1 + 1 + 1) são 4.

Comentários? São bem vindos, mas já sei que vão dizer que estou a fazer “a quadratura do círculo” ou que têm de fazer “a prova dos 9” para poderem responder, mas pensem bem no assunto. Não será que (swing – preconceito) = prazer2?

segunda-feira, 1 de abril de 2013

swingin' (in the rain) parte 18

continuação daqui | início

Aparentemente são pessoas normais, um pouco mais velhas que nós. Claro que normalidade é forma de dizer, quase toda a gente parece normal antes de se conhecer. Depois disso é que "normal" se pode tornar num adjetivo pejorativo. Ela estava bastante reservada, na defensiva, mais do que ele. Claro que, sabendo o que sabíamos, não conseguimos deixar de imaginar como seriam eles na intimidade... A conversa foi agradável, mas estava como o tempo, um bocado fria. Não deixámos de ser estranhos com uma ou duas coisas em comum, a partilhar ideias. Podíamos fazê-lo sobre diversos assuntos, mas a insularidade (talvez por não nos ser comum) interessa-nos bastante. Pela forma como muda as pessoas. Claro que tendo oportunidade, não deixaríamos de nos voltar a encontrar.
E foi o que fizemos. Eles são adeptos da pescaria. Elas não mas gostam de conversar e passear, pelo que apesar de não ser o tempo ideal para o passeio, foram com eles. Depois de algum tempo de engonhanço, fizeram-se ao caminho. Eles ficaram a dar banho ao isco e a trocar confidências sobre... particularidades físicas e afins. Elas caminharam à beira da estrada e do mar, por entre carros e pinheiros, a falar sobre o passado e o presente e as pessoas que se cruzaram com ambas. Sendo uma cidade pequena, não admira. Voltaram, por um caminho que não lembra ao diabo porque a Yin se distraiu na converseta, mas chegaram. Estava frio. A Yin tinha levado um livro e o Yang o portátil, não chegaram a usar nenhum porque todos quiseram ir embora para paragens mais quentes. Não quiseram jantar connosco, tinham coisas combinadas e o tempo tinha de chegar para se dividirem pela família. Não se foram embora sem ser convidados para passarem connosco o reveillón.

continua aqui