sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

* dança XIX: experimental



Sim, dança. Porque a música não me diz tanto e só há um verso que retenho da letra: "You've gotta get up and try try try". Mas o diálogo dos corpos é memorável. Não são os corpos classicamente esguios dos bailarinos, são atléticos, musculados, possuem uma robustez que me fascina. Ela, principalmente, é muito masculina, sem que isso ofusque o seu par de alguma forma, pelo contrário, equivalem-se. Eles bem que se experimentam, tentam-se, em cada gesto. E há uma violência latente que resulta do choque das tentativas falhadas, da busca do equilíbro. E há uma beleza, uma estetização da luta que me prende. Não torço por nenhum dos dois, acho que estão ambos a ganhar. Porque tentam. Tentar é ganhar. Experimentar, aprender alguma coisa, nem que seja a falhar. Falhar melhor é caminhar na direção do sucesso. Tentar até esgotar as hipóteses, até conseguir. É a dança da vida... FORÇA!

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

swingin' (in the rain) parte 12

continuação daqui | início

Após a ida ao clube, continuámos a trocar ideias com os nossos “amigos embaixadores” e ficámos a saber que saímos antes da verdadeira acção começar. Garantimos que para a próxima, haveríamos de ficar até ao fim. 
Fizemos várias tentativas de nos voltarmos a aproximar dos nossos “amigos curiosos” e também convidámos os T para jantar várias vezes, mas por alguma incompatibilidade de horários, não conseguimos estar com ninguém. Se há casal com quem sabemos que existe alguma compatibilidade física que gostaríamos de explorar novamente, são os curiosos, mas parece-nos que tão cedo não se voltará a repetir, se é que alguma vez voltará a acontecer. No que depender de nós, estamos disponíveis, mas enfim, o que será, será.
Depois de algum tempo, pensámos em voltar ao mesmo clube, escolhemos uma data em que sabíamos que os embaixadores Musa e seu Guardião estariam por lá. Era noite de sushi. Somos apreciadores desta iguaria japonesa, mais a Yin que o Yang, e o cartaz era sugestivo: pensámos em belos corpos a servir de prato, a manter os rolos de arroz quentes e o interior fresco, como é suposto. Mas sobretudo, pensámos em reencontrar o mesmo ambiente que nos agradou da primeira vez que lá fomos. 

Confirmámos a ida, avisámos os embaixadores e sem combinar, chegámos ao mesmo tempo. O simpático porteiro (desta vez vestido normalmente) indicou-nos o estacionamento. Trouxeram outro casal com eles, primeira vez num clube, ainda sem nick, virgenzinhos nestas andanças. Já conhecíamos os cantos à casa, pelo que não seguimos com eles para a visita guiada, aproveitámos para escolher sítio no lounge, uma vez que ainda era cedo e havia pouca gente. Os casais seguem a mesma regra dos bares e discotecas e chegam tarde, mas antes da pista abrir (por volta da 1h) sabe bem ficar nos sofás na palheta. A Yin aproveitou para degustar o sushi. Quando regressaram, convidaram-nos para visitar a piscina no exterior, e como ainda não conhecíamos o espaço, lá fomos. Altas parties de bikini (ou até talvez sem roupa) passaram-nos pela cabeça. O “Dono do Pedaço” (da outra vez não tínhamos tido oportunidade de falar, apenas de o ver de capa vermelha e cuecas a pôr música e a animar o pessoal) falou-nos em tardes de churrasco para amigos à beira da piscina e a Musa revelou que já ali tinha tomado banho nua, acompanhada pelos habitués. Sim senhor, tratam-se bem. A Yin já se tinha questionado sobre se haveria ligação entre piscina e sexo, mas por muito boa ideia que lhe parecesse, a possibilidade de haver outros nadadores microscópicos lá pelo meio não lhe pareceu muito apelativa, mas a Musa tranquilizou-a, dizendo que não havia sexo na piscina. A simples ideia de poder nadar sem roupa já era suficientemente atrativa.
Voltámos para dentro, a Yin ficou ao lado da moça do novo casal e enrolaram-se as duas numa conversa bastante absorvente sobre leituras e escritas que as alheou bastante do resto do grupo, só terminou com a sugestão de irmos espreitar a pista de dança. O novo casal fez-nos lembrar os apresentadores de um daqueles programas de vídeos - ele é bastante alto e ela baixinha, criando um divertido contraste. Existe entre eles uma química muito boa, sempre a picar com um sentido de humor apurado e inteligente. Ela mexia-se na pista de forma descontraída, apesar de não gostarmos da música, esforçámo-nos por dialogar através dos movimentos, reconhecendo que não somos grandes bailarinos, procuramos apenas divertir-nos. O Yang incentivou a Yin a dançar com a outra menina, mas a música não estava a ajudar e ela ficou sem jeito. Ficámos até o fumo começar a saturar o ar e resolvemos ir para cima, mas voltámos pouco depois. A Yin começou a aquecer e resolveu tirar a camisola. Algum pessoal começou a incentivar o strip, ela entrou na brincadeira, despindo-se lentamente, fazendo girar a camisola no ar, para logo a seguir se retrair, revelando um top semi-transparente que brilhava com a luz ultra-violeta, criando sombras e reflexos reveladores de formas. Por indicação do Yang, a Musa ainda pensou despir-lhe o top, mas ela não quis. É capaz de jogar raquetes sem roupa numa praia de nudistas, mas não é capaz de tirar um top e ficar em soutien num bar swinger... talvez seja uma questão de tempo. Ela diz que na praia ninguém liga, mas não gosta de atrair atenções ali, não sabe como lidar com isso. Por enquanto...
Pouco depois, voltámos para cima e desta vez, convidámos o casalinho das alturas contrastantes para vir connosco. Eles aceitaram e conversámos os quatro sobre os nossos desejos e experiências. Eles tinham estado com um casal e tinham ideias diferentes sobre a ocorrência. Ela não gostou, ele gostou. Descreveram cada um em alturas diferentes o que se passou e a Yin perguntou se não teria havido uma ponta de ciúme da parte dela e a expressão dele iluminou-se como se tivéssemos descoberto a pólvora. Ela não desmentiu a possibilidade, mas também não confirmou. É complicado quando se tem muitas expectativas, fazê-las cumprir de forma a não nos desiludirmos.
Os Embaixadores vieram juntar-se a nós e o Guardião pergunta à Yin se vai escrever sobre esta noite. Ela diz que não sabe, a verdade é que achava que não tinha acontecido ainda nada digno de ser escrito, mas ele estava empenhado em dar-lhe que escrever. “Já foste espreitar os quartos?” Ele sabia da vontade dela, já lhe tinha revelado o seu espírito de voyeur, só precisava de um pretexto, um incentivo. “Queres ir comigo ver?”


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